Folha de S. Paulo


Aplicativo que avalia homens vira febre entre as mulheres

O serviço Lulu, em que mulheres avaliam homens anonimamente, passou os últimos dias entre os aplicativos mais baixados e os assuntos mais comentados nas redes sociais.

Enquete: O Lulu deve ser retirado do ar?

Segundo a empresa responsável, a Luluvise, fundada em Londres e em processo de mudança para Nova York, o app já registrou mais de 5 milhões de visitas, 100 milhões de perfis visualizados e 1 milhão de avaliações.

Davi Ribeiro/Folhapress
Alexandra Chong, criadora do app Lulu
Alexandra Chong, criadora do app Lulu

O Brasil foi o primeiro país a receber uma versão local. Em passagem por São Paulo, a executiva-chefe da companhia e criadora do Lulu, a jamaicana Alexandra Chong, 32, disse que permitir às mulheres se vingarem de seus ex-namorados não é o objetivo principal do app.

"Nós desenhamos o produto para que ele seja uma experiência muito mais positiva do que negativa. O Lulu é um lugar seguro para que as mulheres compartilhem informações e usem-nas para tomar decisões melhores. Nós amamos os homens."

As avaliações são feitas por meio de um questionário e pela adição de características positivas ou negativas predefinidas em forma de hashtags, como #RespeitaAsMulheres e #ApaixonadoPelaEx.

Uma delas, que fazia referência a pênis pequeno, #NãoFazNemCócegas, foi retirada pela empresa após reclamações.

"O Lulu não foi feito para ferir os sentimentos de ninguém. Contratamos revisores locais para a tradução, mas essa hashtag escapou", afirma Alexandra.

A expressão que representa a condição oposta (#TrêsPernas), porém, segue no ar.

AMEAÇAS DE PROCESSO

O sucesso do Lulu motivou ameaças de processo, como a do estudante de direito Felippo de Almeida Scolari, 28. "Meu perfil tinha informações sobre a minha intimidade disponíveis para qualquer um. Não gostei porque eu não autorizei que minha conta do Facebook estivesse ali", diz.

Alexandra afirma que a empresa ainda não recebeu nenhuma notificação oficial.

"O Lulu é provocativo, diferente, nunca foi feito antes. Demora um pouco para as pessoas se acostumarem e entenderem como ele funciona. Nós passamos muito tempo nos certificando de que estamos de acordo com as leis locais", garante.

Ela diz que nunca criaria um Lulu para homens, mas que não se incomoda se alguém o fizer.

"Dou todo apoio a quem quiser inovar e criar. Quando apresentamos o Lulu nos EUA, imediatamente ouvimos caras dizendo que lançariam um Lulu para homens na semana seguinte, no mês seguinte, e eles nunca chegaram."

Segundo Alexandra, a versão atual do Lulu é apenas a fase inicial de um produto maior dirigido às mulheres, que abrangerá temas como beleza, saúde e carreira.

Colaborou CIDA ALVES, de São Paulo

Alex Argozino/Editoria de Arte/Folhapress

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