Folha de S. Paulo


Um em cada cinco jovens não trabalhava nem estudava em 2012, segundo IBGE

Um em cada cinco jovens de 15 a 29 anos não frequentava a escola nem trabalhava e a grande maioria desse grupo --batizado por especialistas como "nem-nem" por sua exclusão do mercado de trabalho e do sistema de ensino_ era composta por mulheres, o que pode estar ligado à maternidade.

Elas representavam 70,3% das 9,6 milhões de pessoas desse contingente em 2012, segundo o estudo Síntese de Indicadores Sociais, divulgado nesta sexta-feira pelo IBGE. Ao todo, os "nem-nem" correspondiam a 19,6% dos jovens de 15 a 29 anos.

Em 2002, o percentual de mulheres que não trabalhava nem estudava era maior e representava 72,4% do grupo. Entre elas, 58,4% tinham pelo menos um filho em 2012.

O abandono da escola e a ausência no mercado de trabalho eram ainda mais expressivos entre as mães mais jovens. Na faixa entre 15 e 17 anos (idades correspondentes à matrícula no ensino médio), 88,1% das mulheres estudavam. Esse percentual recuava para apenas 28,5% entre aquelas que tinham filhos.

Os números contrastam com o aumento da presença de crianças matriculadas em creches (0 a 3 anos), cujo percentual praticamente dobrou em uma década, subindo de 11,7% em 2002 para 21,2% em 2012. Ou seja, cresceu a oferta de vagas disponíveis para filhos de mulheres que trabalham.

Editoria de Arte/Folhapress

Para Ana Lucia Saboia, coordenadora da pesquisa, há uma "ligação estreita" entre a maternidade e a ausência da mulher do mercado de trabalho e na escola. "Os dados apontam para uma correlação muito forte entre esses fatores."

Segundo ela, foi a primeira vez que um estudo se deparou com o predomínio tão grande de mulheres na condição de "nem-nem", o que chamou atenção e indica que há necessidade de políticas específicas para esse grupo.

Pelos dados do IBGE, além da predominância de mulheres, o perfil do grupo dos "excluídos" do sistema educacional e da força de trabalho tinha uma presença maior de pessoas com o ensino médio completo (38,6% em 2012). As regiões Norte e Nordeste concentravam proporcionalmente mais jovens nessa situação --21,9% e 23,9%, respectivamente.


Endereço da página: