Folha de S. Paulo


Novo radar permitirá prever desastres com antecedência no ES

Atingido por fortes chuvas desde a tarde de ontem (26), o Espírito Santo ganhará nesta semana um radar meteorológico que permitirá prever com até duas horas de antecedência desastres naturais em um raio de 240 km --quase todo o território do Estado.

O equipamento, que apontará a ocorrência de chuvas e tempestades com maior precisão geográfica, está instalado em Aracruz (85 km de Vitória) e entrará em operação nesta quarta-feira (27).

De acordo com a Defesa Civil do Estado, Vitória, Vila Velha, Cariacica, Serra e Viana são os municípios mais afetados pelas chuvas das últimas 24 horas.

Segundo o órgão, cinco pessoas foram desalojadas em Vila Velha, mas não há registro de desabrigados ou feridos. O problema são os pontos de alagamento e o risco de desabamentos.

Quando estiver em funcionamento, o novo radar irá identificar a aproximação de chuvas de alta intensidade e com riscos de enchentes e alertará a Defesa Civil estadual, que repassará a informação às Defesas Civis municipais. Estas serão responsáveis por avisar moradores de áreas de risco a tempo de evitar desastres.

O novo aparelho faz parte do Programa de Adaptação às Mudanças Climáticas, que começou a ser planejado pelo governo capixaba em 2011, como resposta às constantes inundações no Estado.

Em janeiro daquele ano, 35 municípios entraram em situação de emergência por causa das chuvas, de acordo com o chefe do departamento de prevenção da Defesa Civil, Anderson Pimenta.

Segundo dados do órgão, de 2000 a 2009 o Espírito Santo teve prejuízo de R$ 1,16 bilhão com as chuvas. De 2000 até hoje, 60 pessoas morreram.

Além do novo radar, o programa inclui a elaboração de um mapeamento de risco em 17 municípios, a modernização das Defesas Civis municipais e a criação de um sistema de monitoramento hidrológico, que permitirá acompanhar em tempo real a vazão de rios e identificar riscos de enchentes.

PREJUÍZOS

O governador do Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB), disse que o novo sistema ajudará a reduzir desastres, mortes e prejuízos materiais à população, além de ser útil também para empresas, trabalhadores da agricultura e do turismo.

Em novembro de 2010, por exemplo, uma tempestade com ventos de 118 km/h destruiu dois descarregadores de navio no porto de Tubarão, em Vitória. O prejuízo foi estimado em R$ 14 milhões.

"Todos os anos a gente tem muito prejuízo com chuvas fortes. Estamos convivendo com essas alterações climáticas, fenômenos intensos que causam prejuízo e, muitas vezes, mortes", disse o governador à Folha. "Trabalhamos nas diversas frentes para que possamos fazer a adaptação às mudanças do clima."

INVESTIMENTOS

Quase R$ 50 milhões foram investidos no Programa de Adaptação às Mudanças Climáticas do Espírito Santo. Do total, R$ 30 milhões foram custeados pela Vale, o que inclui o radar de R$ 12 milhões, uma central de operações com um megacomputador chamado de "supercluster" e 25 estações meteorológicas automáticas, que se somam às 15 já existentes no Estado.

O governo estadual investiu R$ 19 milhões nos mapeamentos de risco, na rede hidrológica e na estruturação das Defesas Civis municipais.

Segundo o coordenador do programa, David Casarin, o próximo passo será a criação de um sistema de alerta para moradores de áreas de risco, com envio de SMS e uso de sirenes quando houver risco de desastres. "Não basta ter o monitoramento, também temos que ter um sistema de alerta à população", afirmou.


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