Folha de S. Paulo


Ministério Público quer pedir quebra de sigilo de empresas investigadas em SP

O promotor Roberto Bodini disse que poderá pedir a quebra de sigilo bancário e fiscal de ao menos quatro construtoras suspeitas de pagar propina à Máfia do ISS para obter desconto no imposto na cidade de São Paulo. Isso ocorrerá caso as empresas que serão chamadas para depor se negarem a colaborar.

As quatro primeiras empresas que serão chamadas são a BKO, Tarjab, Tecnisa e Trisul, citadas em depoimentos pelos auditores fiscais. Os depoimentos podem começar a ocorrer a partir de quinta-feira (28).

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Representantes da construtora Alimonti e da incorporadora Brookfield também serão ouvidos. A Brookfield já se apresentou por meio de um representante e confirmou o esquema de propina.

A construtora Tecnisa, citada como por um dos suspeitos como uma das empresas que participava do esquema, negou as acusações. Por meio de nota, a empresa disse ter ficado surpresa com as declarações que ela classificou como sendo "infundadas".

No início do mês, as empresas BKO, Tarjab e Trisul haviam dito que não haviam sido notificadas e desconheciam a denúncia. A Trisul afirmava ainda que "observa as melhores práticas de governança corporativa".

A Brookfield se diz vítima do grupo de fiscais presos na operação. A empresa não explicou por que não procurou a polícia quando o grupo pediu propina. Os R$ 4 milhões foram pagos entre novembro de 2009 e outubro do ano passado. A empresa disse que não poderia fazer comentários adicionais por causa do sigilo das investigações.

O promotor quer saber se as empresas participavam do esquema voluntariamente ou sob extorsão.

Nesta tarde desta segunda-feira (25), estão sendo ouvidos os auditores fiscais Luís Alexandre Cardoso de Magalhães e Eduardo Horle Barcellos. Em entrevista ao "Fantástico", da TV Globo, Magalhães disse que as próprias empresas procuravam os fiscais para participarem do esquema.

Ambos estão sendo ouvidos num inquérito paralelo ao aberto por Bodini, que investiga os crimes de cada um. Eles estão explicando sua evolução patrimonial à Promotoria de Proteção ao Patrimônio.

Após a operação do último dia 30 que levou à prisão suspeitos de receber propina de construtoras para a redução do ISS, a polícia decidiu abrir 12 inquéritos paralelos. O prefeito Fernando Haddad (PT) disse que também há um delegado sendo investigado por envolvimento com a máfia do ISS.


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