Folha de S. Paulo


Testemunha afirma que delegado vendia informações para fiscais

Testemunha ouvida pelo Ministério Público de São Paulo disse que um delegado de polícia vendia informações para a máfia do ISS.

Batizada de "Alpha", para a preservação do verdadeiro nome, a testemunha disse ter ouvido de Ronilson Rodrigues, apontado como chefe do esquema, que um outro auditor conseguia apurar na Polícia Civil a existência de investigações em andamento.

Afirmou ainda que certa vez esse auditor descobriu existir uma investigação contra "vários auditores fiscais" e "o delegado de polícia" exigiu R$ 7.000 de cada "funcionário público investigado" para fornecer informações.

"[A testemunha] sabe dizer que alguns fiscais pagaram, inclusive Ronilson e [Eduardo] Barcellos. Não sabe indicar qual o departamento policial envolvido", afirma um trecho do depoimento, que foi obtido pela Folha.

Ela também não detalhou em que época os fatos teriam ocorrido, além do nome e da cidade do delegado.

Ontem, a Polícia Civil acionou a Corregedoria para efetivar eventuais medidas legais e administrativas.

FLATS

A Promotoria decidiu requisitar à Justiça o bloqueio judicial dos três flats vendidos para três auditores fiscais investigados na máfia do ISS -que pode ter causado um rombo de R$ 500 milhões aos cofres do município.

Os imóveis foram adquiridos do empresário Marco Aurélio Garcia --irmão de Rodrigo Garcia, ex-secretário da gestão Gilberto Kassab (PSD) e atual secretário de Desenvolvimento do governo Geraldo Alckmin (PSDB).

A suspeita do promotor Roberto Bodini é que eles tenham sido adquiridos de Garcia como forma de lavagem de dinheiro obtido através de atividades criminosas.

Garcia será investigado, já que as três compras não foram registradas em cartório.

O advogado de Garcia, Rogério Cury, informou, por meio de nota, que não existiu nenhuma ilegalidade na venda dos imóveis. Afirmou ainda que seu cliente não tinha "relacionamento próximo" com Ronilson.


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