Folha de S. Paulo


Polícia abre investigações paralelas e diz que prefeitura omite dados

A Polícia Civil acusa a Prefeitura de São Paulo de omitir informações solicitadas há seis meses sobre servidores envolvidos na máfia do ISS. Agora, ameaça ir à Justiça para ter acesso a dados e abastecer investigações próprias.

A gestão Fernando Haddad (PT) afirma que atua em colaboração com os órgãos policiais da gestão Geraldo Alckmin (PSDB) e que os pedidos feitos foram genéricos, e não de casos específicos.

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Após a operação do último dia 30, que levou à prisão quatro fiscais suspeitos de receberem propina de construtoras para a redução do imposto, a polícia decidiu abrir 12 novos inquéritos paralelos.

Cada um deles tem como alvo uma das empresas ou políticos citados em reportagens sobre as investigações da Controladoria-Geral do Município e da Promotoria.

Editoria de arte/Folhapress

Entre eles, Antonio Donato (PT), ex-secretário de Governo de Haddad acusado de receber mesada de R$ 20 mil de um fiscal, e Mauro Ricardo, ex-secretário de Finanças das gestões Gilberto Kassab (PSD) e José Serra (PSDB), que deu parecer para arquivar apuração sobre servidores suspeitos do esquema.

A polícia diz que pede informações à prefeitura há seis meses, quando abriu um inquérito a partir de declarações do controlador do município, Mário Spinelli, à revista "Veja" dizendo que havia servidores sob suspeita de enriquecimento ilícito.

O delegado José Eduardo Jorge, titular da 2ª Delegacia de Crimes contra a Administração, afirma que, desde então, a polícia fez ao menos três solicitações à prefeitura sobre os servidores para investigá-los por enriquecimento ilícito ou improbidade.

A prefeitura afirmou em duas respostas que se tratava de uma apuração embrionária. No dia 25 de setembro, por exemplo, respondeu "que os trabalhos [...] continuam em fase preliminar". Um mês depois, houve a ação com a prisão de quatro auditores.

A prefeitura diz que as informações se referiam a uma lista com 800 nomes, sem se tratar especificamente dos citados na máfia do ISS --que são suspeitos não apenas de enriquecimento, mas de outros tipos de crime.

O delegado Jorge diz que a polícia se sentiu ofendida. "Tive uma sensação estranha. Parece que alguém queria omitir alguma coisa da Polícia Civil de São Paulo."

Agora, segundo ele, a polícia estuda ir à Justiça se não houver compartilhamento de informações. "Lógico que compromete [a relação]. Todas as operações realizadas anteriormente com a Controladoria foram da melhor maneira possível e com êxito."

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