Folha de S. Paulo


Haddad manda afastar assessor investigado por enriquecimento ilícito em SP

O assessor especial da Secretaria de Desenvolvimento, Trabalho e Empreendedorismo da Prefeitura de São Paulo, Tony Nagy, foi afastado de suas funções nesta quinta-feira. Ele é investigado pela Controladoria Geral do Município sob suspeita de enriquecimento ilícito e de manter relações com a máfia do ISS, conforme a Folha revelou hoje.

O afastamento ocorreu após determinação do prefeito Fernando Haddad (PT), que recebeu a recomendação da Controladoria.

Assessor investigado fez doação de R$ 140 mil a secretário de Haddad
Secretaria não consegue contato com funcionário
Donato terá chance de se explicar, diz prefeito

Por meio de sua assessoria de imprensa, o secretário Eliseu Gabriel (PSB) afirmou que optou pelo afastamento. Ele disse que já estava à espera de um pedido formal de demissão do próprio Nagy por e-mail, mas a mensagem não foi enviada.

O assessor doou R$ 140 mil à campanha de Gabriel, que se elegeu vereador no ano passado. Nagy diz que é especialista em regularização de imóveis, Plano Diretor e em operações urbanas. Sua família é dona de uma empresa chamada Aprov Projetos e Regularizações.

Editoria de arte/Folhapress

A assessoria de imprensa de Eliseu Gabriel informou em nota que Nagy não foi afastado antes porque "para "exonerar um servidor por faltar ao serviço é preciso concluir o processo administrativo." Disse ainda que sabia o secretário sabia que o principal assessor dele estava em viagem desde o dia 29 de outubro.

Gabriel afirmou que o funcionário pediu uma licença não remunerada, mas foi informado que não seria possível. Desde então, estava faltando ao trabalho.

O secretário também negou que Nagy contratou a advogada Verônica Barcellos, irmã de Eduardo Barcellos --investigado por participar da máfia-- para trabalhar em seu gabinete. Por meio de sua assessoria de imprensa, ele afirmou ter escolhido Nagy para o cargo por seu conhecimento técnico.

Ontem, Gabriel foi questionado pela Folha se ele poderia entrar entrar em contato com Nagy, e respondeu que seria difícil. Em nenhum momento ele comentou esses fatos.

Gabriel diz não saber quanto ele ganhava no ano passado. Mas cargo similar ao que ele ocupava recebia cerca de R$ 2.000 líquidos por mês --ou seja, seria preciso cinco anos e oito meses sem gastar um centavo para fazer uma doação de R$ 140 mil.

Só para se ter uma ideia do porte da doação de Nagy, o Itaú-Unibanco, o segundo maior banco do país, contribuiu com R$ 30 mil na campanha de Gabriel, que consumiu um total de R$ 1 milhão.

A lei prevê que uma pessoa física pode doar no máximo 10% dos seus rendimentos brutos no ano anterior à eleição. Por essa regra, Nagy teria de ter ganhos brutos de R$ 1,4 milhão em 2011.

Atualmente, Nagy recebe um salário bruto de R$ 4.852, mora numa cobertura avaliada em R$ 1,5 milhão na Vila Romana (zona oeste) e, eventualmente vai trabalhar com um carro novo da BMW, segundo funcionários da secretaria ouvidos pela Folha.

Ele foi procurado pela reportagem, mas não foi encontrado.


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