Folha de S. Paulo


Famílias despejadas da ocupação Estaiadinha acampam em avenida central de SP

Cerca de 200 famílias, retiradas de um terreno embaixo da ponte Governador Orestes Quércia durante reintegração de posse realizada neste sábado (16), acampam agora em uma calçada a poucos metros dali, na avenida do Estado, região central de São Paulo.

Elas faziam parte da chamada ocupação Estaiadinha, instalada há cerca de cinco meses em uma área de aproximadamente 4.000 metros quadrados sob a ponte.

"Permaneceremos no local até que haja uma alternativa de moradia para as famílias. Não só de atendimento imediato, mas também garantia de solução habitacional definitiva para todos", afirma em nota a coordenação estadual do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto), liderança das famílias ocupadas.

O terreno onde estava a ocupação pertence à Prefeitura de São Paulo, que entrou com pedido de reintegração de posse há dois meses. A Justiça acatou o pedido e determinou que os moradores saíssem do local em até 90 dias.

Segundo os sem-teto, houve nesse período uma série de negociações com a prefeitura, que teria pedido para que eles indicassem outros terrenos para alojar as famílias.

"Indicamos 14 áreas na região. E alegaram falta de tempo para analisar a proposta até hoje. Falta de tempo que eles mesmos produziram ao cassar judicialmente o prazo para o despejo. Vieram então com a infame proposta de albergue", afirma a nota.

A reintegração de posse foi marcada para o último sábado (16), depois de a Justiça aceitar uma liminar da prefeitura que solicitava a redução do prazo para a devolução do terreno.

As famílias aceitaram sair pacificamente. Durante a remoção, contudo, os barracos pegaram fogo, provocando um grande incêndio na ocupação.

Os bombeiros conseguiram controlar as chamas, mas a ponte, conhecida como Estaiadinha, precisou ser fechada pela CET (Companhia de Engenharia de Tráfego).

As causas do incêndio serão apuradas pela polícia. Para Guilherme Boulos, coordenador do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto), o fogo foi "aparentemente acidental".

OUTRO LADO

A prefeitura afirma que vem cadastrando as famílias da ocupação da Estaiadinha em seus programas de habitação social desde o final de julho, integrando-as à meta de entregar 55 mil moradias até o fim da gestão.

Ainda não há um projeto para o terreno de cerca de 4.000 metros quadrados, mas a prefeitura afirma que ele não poderia ser ocupado por casas, por se tratar de uma área de risco, localizada embaixo de um viaduto.

A subprefeitura da Sé afirma que agentes da Subprefeitura, oficiais de justiça e PMs vão encaminhar as famílias para abrigos públicos e para casa de parentes mais próximos.


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