Folha de S. Paulo


'Me senti traído', diz secretário Mauro Ricardo sobre máfia do ISS

Secretário de Finanças nas gestões de José Serra (PSDB), que o defendeu publicamente na semana passada, e de Gilberto Kassab (PSD), Mauro Ricardo disse ontem à Folha que se sente "traído" pelos auditores. "Foi uma grande decepção", disse o atual secretário de Fazenda de Salvador.

Delator afirma ser possível provar 'mesada' a secretário de Haddad
Na Câmara, vereadores silenciam sobre acusações contra colegas
Aurélio Miguel recebia dinheiro de fiscal, diz auditor à Promotoria
Outro lado: denúncia é "incoerente", diz Miguel

*

Folha - O escândalo envolve alguns de seus principais auxiliares na secretaria de São Paulo. Como vê as denúncias?

Mauro Ricardo - Foi uma grande decepção. Me senti traído. Não imaginava que o Ronilson [Bezerra, apontado como o chefe do esquema] pudesse estar envolvido com qualquer irregularidade. Era uma pessoa em quem confiava. Um servidor capacitado.

Aliás, pelo que dizem, o esquema vem desde 2002, época em que o hoje prefeito Fernando Haddad era o secretário substituto de Finanças. Essas pessoas não entraram na administração pública agora. As coisas não começaram na minha gestão.

Em grampos, Ronilson afirma que o prefeito e o secretário sabiam do esquema...

Não citou meu nome. Disse que o secretário tinha conhecimento. Mas qual secretário? Em todas as escutas reveladas, as citações a meu nome são de maneira clara e não mostram nenhum envolvimento.

Como o sr. vê a convocação para prestar esclarecimentos à Controladoria da prefeitura?

Não recebi convite. Mas, se estiver em São Paulo, terei o maior prazer em prestar esclarecimento. A prefeitura pode mandar alguém a Salvador me ouvir. Mas não vejo necessidade. O Ministério Público não encontrou nenhum indício envolvendo meu nome.

Há questionamentos sobre uma investigação arquivada pelo sr. em dezembro de 2012.

É outro equívoco. Você já viu a denúncia? Era uma folha de papel, com os nomes dos supostos envolvidos, mas que não apresentava nenhuma prova ou caso concreto de corrupção. Além disso, era uma denúncia anônima.

Na época, ouvimos os denunciados, e eles apresentaram suas justificativas. Então, encaminhei a denúncia à Corregedoria [órgão anterior à Controladoria], dizendo que, naquele momento, não havia indício de corrupção.

Tanto que o atual controlador [Mario Spinelli] também arquivou a investigação em fevereiro. E fez o certo, porque não havia prova. Os indícios apareceram a posteriori.

Então não houve omissão?

Estou muito tranquilo em relação aos procedimentos que foram adotados. Fizemos uma gestão que ficou notabilizada pelo combate a fraudes e sonegação. Não foi à toa que conseguimos ampliar a arrecadação do município de R$ 13 bilhões para R$ 42 bilhões. Foi uma gestão séria e de muita retidão. Por isso, tenho certeza que não haverá nenhuma mácula. O Ministério Público já investigou, não encontrou nem encontrará nada envolvendo meu nome. Ao contrário de outros que estão por aí.

Quem são esses outros?

Esses que estão nas páginas dos jornais.

Carlos Cecconello/Folhapress
Mauro Ricardo Costa, secretário de Finanças de Serra, disse que se sente traído e que ficou decepcionado com os auditores
Mauro Ricardo Costa, secretário de Finanças de Serra, disse que se sentiu traído pelos auditores

Endereço da página:

Links no texto: