Folha de S. Paulo


Deficit mundial de profissionais de saúde pode chegar a 12,9 mi, diz diretor da OMS

Se governos de todo o mundo não tomarem uma atitude, o deficit na área de saúde poderá chegar a 12,9 milhões de profissionais nas próximas duas décadas.

O alerta é da OMS (Organização Mundial da Saúde), que divulgará um relatório detalhado sobre a situação da carência de profissionais na tarde desta segunda-feira (11), em Olinda (PE).

A cidade recebe desde ontem (10) o 3º Fórum Global de Recursos Humanos para a Saúde, com a participação de representantes de 85 países.

Atualmente, faltam 7,2 milhões de profissionais de saúde no planeta. A OMS recomenda um mínimo de 22,8 profissionais para cada 10 mil habitantes, o que ocorre em 83 países.

Para atingir a universalização da saúde, o país precisa ter mais de 34,5 profissionais para cada 10 mil habitantes. Cem países não alcançam esse número.

"[Esse número] não nos surpreende porque repete o que foi encontrado em pesquisa de alguns anos atrás [em 2000]", disse à Folha Marie-Paule Kieny, diretora-geral-assistente da OMS.

"Não foi feito esforço suficiente, o que significa que o ímpeto político para impulsionar a formação de trabalhadores da saúde não chegou ao nível necessário", afirmou.

Para Ties Boerma, diretor do departamento de estatística da saúde da OMS, o progresso foi lento.

"Precisamos definitivamente fazer mais nessa questão de falta de profissionais de saúde, particularmente nos países de baixa renda, majoritariamente na África subsaariana", afirmou Boerma.

Marie-Paule Kieny disse os documentos resultantes dos dois primeiros fóruns que discutiram os recursos humanos na saúde, em 2008 e 2011, não tiveram o apoio esperado dos governos, o que foi determinante para que a situação ficasse estagnada na última década.

Com a reunião de representantes de tantos governos no Recife, Kieny diz esperar um resultado diferente do encontro deste ano.

"Esperamos que o governo brasileiro leve esse documento [resultante do fórum] para a Assembleia Mundial da Saúde [principal órgão decisório da OMS] para que seja discutido com outras nações que não participam desta conferência. Tentamos com este fórum aumentar o comprometimento político [dos países]", afirmou.

BRASIL

Para Ties Boerma, o Brasil tem progredido na área da saúde e agora procura diminuir a desigualdade regional na distribuição de profissionais de saúde.

"O Brasil teve um progresso fantástico em praticamente todos os indicadores de saúde. Acredito que há agora uma busca por igualdade dentro do país. Tenta-se ter mais profissionais de saúde no Nordeste. Acho que é uma prioridade", disse Boerma.

Em relação ao Mais Médicos Marie-Paule Kieny disse que é difícil reproduzir a experiência brasileira em países pobres como os da África subsaariana.

"Cada país precisa atentar para seus próprios problemas e [descobrir] como lidar com eles", afirmou.


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