Brincalhão e ótimo contador de histórias, com criativas tiradas de humor filosófico, Elias Alves não era de se estressar com qualquer coisa.
Tinha até uma "receita" para administrar órgãos públicos burocráticos e cheios de papéis e memorandos: "Espere o papel ficar velho e amarelado. Se amarelou e ninguém reclamou, não precisa responder. Lixo".
Elias chegou a ser seminarista no Mosteiro de São Bento, em São Paulo, mas desistiu da vida religiosa e foi cursar filosofia na USP, dedicando-se ao estudo da lógica.
Era membro-fundador da Sociedade Brasileira de Lógica e do Centro de Lógica, Epistemologia e História da Ciência da Unicamp. Foi ainda chefe do Departamento de Filosofia da universidade.
Aprovado em concurso da UnB (Universidade de Brasília), estava prestes a se mudar para Brasília, na década de 1960, quando foi convidado por Zeferino Vaz, fundador da Unicamp, para trabalhar em Campinas. E aceitou, pois "Brasília era muito longe".
Também deu aulas de filosofia em colégios, na UFPB (Federal da Paraíba) e na Unesp de Marília (SP).
Natural de Guaranésia (MG), adorava cozinhar, principalmente receitas mineiras. Sabia preparar ótimos pratos com uma planta chamada ora-pro-nóbis, muito conhecida e apreciada entre seus conterrâneos.
Gostava tanto de fazer caminhadas que uma vez foi a pé de São Paulo a Santos.
Morreu na terça-feira (5), aos 77, de complicações de um AVC (acidente vascular cerebral). Deixa a viúva, Maria Inês, os dois filhos, Humberto e Renato, e um neto.
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