Folha de S. Paulo


Polícia Civil do DF faz operação contra esquema na liberação de alvarás

A Polícia Civil do Distrito Federal realizou nesta quinta-feira a operação Átrio, que apura fraudes na liberação de alvarás para a construção civil em duas regiões administrativas de Brasília.

A Justiça autorizou a prisão temporária dos administradores de duas cidades-satélites do DF: o de Águas Claras, Carlos Sidney de Oliveira, e o de Taguatinga, Carlos Alberto Jales, está foragido.

Segundo a polícia, há indícios de que os dois receberam vantagens para liberar alvarás. Na casa do administrador de Águas Claras, foram encontrados R$ 50 mil e a polícia investiga a origem do dinheiro. "A suspeita é que criavam dificuldades para os empresários para depois ter as facilidades", disse o diretor-geral da Polícia Civil, Jorge Xavier.

Agora, a Polícia Civil investiga se um grupo de empresários pagou propina para se beneficiar do esquema ou se foi vítima de extorsão.

Entre os empresários está o ex-governador do Distrito Federal e um dos maiores empreiteiros da região, Paulo Octávio Pereira. A Polícia Civil não pediu a prisão do empresário, mas fez busca e apreensão na casa dele e em dois escritórios.

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A Justiça autorizou ainda a condução coercitiva dos empresários, incluindo Paulo Octávio. A defesa do empresário, contudo, disse que ele se apresentará espontaneamente até o fim do dia.

"Não há nada que indique que ele merecesse decretação de prisão. A condição é de alguém que precisa prestar esclarecimentos. Se houvesse prova de pagamento, seria mais fácil saber se houve corrupção ou extorsão. Isso vai ser esclarecido a partir da fala deles", disse Xavier.

Paulo Octávio, ex-DEM, aderiu recentemente o grupo de aliados ao governador Agnelo Queiroz, do PT. Atualmente, o empresário é do PP.

Paulo Octávio foi governador num dos períodos mais delicados da política local, quando a operação Caixa de Pandora abalou o DF. Em pouco mais de um ano, foram cinco governadores. Octávio era vice de José Roberto Arruda, que chegou a ser preso, e ficou pouco tempo no governo: ele renunciou por falta de condições políticas.

Octávio e Arruda foram denunciados pelo Ministério Público na operação Caixa de Pandora, que investigou desvios de dinheiro público para bancar deputados e aliados do governo.

OUTRO LADO

O advogado de Paulo Octávio, Antonio Carlos de Almeida Castro, disse que o empresário prestará depoimento ainda hoje.

"Não tive acesso ao inquérito, mas certamente ele vai se apresentar. A hipótese de condução coercitiva não existe, é apenas quando resiste a prestar depoimento. E ele, evidentemente, não vai resistir porque tem interesse a esclarecer. Não sei nem se tem acusação", disse.

Em nota, o governo de Agnelo Queiroz disse que apoia a investigação e que afastará os dois administradores regionais e outros envolvidos que sejam apontados pela polícia. A Folha não localizou os advogados dos administradores.


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