Folha de S. Paulo


Prefeitura vai investigar se dinheiro de propina foi para o exterior, diz Haddad

O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), disse nesta quarta-feira (6) que a CGM (Controladoria Geral do Município) está preparando um ofensiva para identificar possíveis contas no exterior em nome de envolvidos no esquema de cobrança de propinas para liberação de imóveis novos na capital. De acordo com Haddad, a prefeitura investiga a participação de laranjas no esquema.

"As informações que estão chegando indicam que há contas da quadrilha no exterior. Então nós vamos começar um trabalho de investigação porque pode acontecer de esses R$ 80 milhões em patrimônio serem só uma parte do que eles efetivamente têm ou têm em nome de laranjas", disse Haddad.

Na semana passada, quatro auditores foram presos sob a acusação de cobrar propina para a redução do valor do ISS (Imposto Sobre Serviços) de incorporadoras.

De acordo com a Controladoria Geral do Município, o grupo movimentou ao menos R$ 500 milhões.

Em entrevista nesta quarta-feira, Haddad classificou os servidores presos no esquema de 'núcleo duro' e disse que as recentes declarações ligando os auditores presos ao secretário de Governo, Antonio Donato, são uma forma de tumultuar a investigação.

De acordo com a coluna da jornalista Sonia Racy, do jornal "O Estado de S. Paulo", a ex-chefe de gabinete do ex-secretário de Finanças Mauro Ricardo, Paula Sayuri Nagamati, diz que ouviu de um dos auditores atualmente presos que Donato teria recebido dinheiro do grupo para sua campanha política em 2008.

"É preciso analisar. A fonte é a mesma, a quadrilha. Tanto a Vanessa [Alcântara, ex-companheira do auditor Luis Alexandre Cardoso de Magalhães, também suspeito de participar do esquema] quanto a Paula fazem parte do esquema e esses agregados estão tentando tumultuar [a investigação]", disse Haddad.

O prefeito garantiu que todas as denúncias apresentadas serão apuradas, mesmo se envolver integrantes do seu governo. "Eles [o grupo] terão de provar o que dizem. Entre a palavra de um cidadão de bem e de um criminoso confesso, eu fico com o cidadão de bem até que se prove ao contrário", afirmou o prefeito, referindo-se a Donato.


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