Folha de S. Paulo


Primeiro dia útil sem Perimetral tem nó no trânsito e manifestação no Rio

O primeiro dia útil sem o viaduto da Perimetral, que liga a avenida Brasil e a ponte Rio-Niterói ao centro do Rio, registra trânsito congestionado na zona portuária da cidade, na manhã desta segunda-feira (4).

Segundo a prefeitura, uma manifestação e um vazamento da Cedae (Companhia Estadual de Águas e Esgotos) atrapalharam o fluxo na região. A via será implodida em duas semanas para dar lugar às obras de revitalização da região portuária do Rio.

Prefeitura do Rio inicia demolição do elevado da Perimetral
Rio começa hoje a 'enterrar' elevado da Perimetral

A avenida Rodrigues Alves, que passa embaixo da Perimetral, está congestionada desde as 6h. A prefeitura mobilizou 300 servidores da secretaria de Trânsito para orientar os motoristas que trafegam pelo local. Apesar disto, muitos motoristas reclamaram da falta de informações.

Para complicar a situação do trânsito, cerca de 200 funcionários do Porto Maravilha, empresa que realiza a obras de revitalização do local, interditaram a faixa da avenida Francisco Bicalho, sentido rodoviária, até as 9h30 em protesto por melhorias no trabalho. A via é uma das opções para quem tentava chegar ao centro do Rio.

Outro problema enfrentado pelos usuários foi um vazamento da Cedae em um trecho da avenida Rodrigues Alves, o que interditou a via por mais de 30 minutos. Às 10h, o vazamento já havia sido consertado. Irritados com a demora parados no engarrafamento, passageiros desceram dos ônibus e caminharam pela via.

O "enterro" do elevado da Perimetral, viaduto a beira-mar no centro da cidade começou na noite de sábado. A via, cuja demolição faz parte da revitalização da região portuária, será substituída por uma avenida expressa com túnel de 2,5 km de extensão.

Já no sábado, o prefeito Eduardo Paes previa uma série de problemas para os motoristas que passassem pelo local. Os mais afetados são as pessoas que vem da Baixada Fluminense e as cidades de Niterói e São Gonçalo, cidades da região metropolitana do Rio."Vamos ter transtornos. A gente faz, mais uma vez, um apelo para a população da cidade do Rio e da região metropolitana que tenham compreensão nessa próxima semana e busque a carona solidária e o transporte público", disse o prefeito Eduardo Paes.

Durante o período de demolição a alternativa é a chamada via Binário do Porto com mais de três quilômetros de extensão e dividida em duas pistas. Cada uma com três faixas. A ideia é reduzir os impactos nos acessos ao centro da cidade.

A demolição de viadutos já foi realizada em ao menos 17 cidades no exterior, segundo estudo do ITDP (Instituto de Políticas de Transporte e Desenvolvimento). Mas o projeto carioca é alvo de críticas da própria entidade.

A diretora do instituto no Brasil, Clarisse Linke, afirma que a substituição por outra via expressa não desestimula o uso do carro.

"Precisamos acabar com a lógica 'rodoviarista' e estimular o uso do transporte público. A derrubada pode ser interessante do ponto de vista urbanístico, mas não cumpre a tarefa de tirar carro da rua. Vão enterrar o viaduto."

Sobre a via expressa será construído um passeio da praça 15 ao armazém 8. A prefeitura vai implantar um sistema de VLT (veículo leve sobre trilhos) e um BRT (corredor de ônibus).

Construída entre as décadas de 1950 e 1970, o viaduto de cerca de 5,2 km liga o centro às principais vias de acesso à cidade (ponte Rio-Niterói e avenida Brasil).

O debate sobre a derrubada começou dez anos após a conclusão, mas só saiu do papel em 2011.

O ex-prefeito e atual vereador Cesar Maia (DEM) discorda da decisão. "Fechamos a Perimetral como se estivesse em obras e analisamos os desdobramentos. O risco de caos superava 80%", disse.


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