Folha de S. Paulo


Paulo Peres (1935-2013) - Encarava as artes com liberdade

A convivência de cores vivas com recortes de jornais, pedaços de envelopes e perfis traçados a nanquim nas telas de Paulo Peres indica sua formação multifacetada como pintor, gravador e desenhista. Reflete, também, a liberdade com que ele encarava a criação artística.

Nascido em Arroio Grande (RS), mostrou seu interesse em desenhar ainda criança, ao preencher os espaços vazios de seus cadernos escolares com bichos e o que mais lhe desse na telha. Sua aptidão foi uma surpresa para os pais, Daniel e Dora, comerciantes que não tinham familiaridade com as artes.

Na adolescência, mudou-se com a família para a capital gaúcha. Lá, abriram um bar, frequentado pelo músico Lupicínio Rodrigues (1914-74) e seus admiradores.

Formado em artes plásticas pela Universidade Federal do RS, foi um dos fundadores do Ateliê Livre de Porto Alegre, ao lado de Iberê Camargo e Xico Stockinger, no início da década de 1960. Tratava-se de uma proposta aberta de ensino de artes, distinta do que era feito em institutos acadêmicos.

Paulo varava madrugadas pintando ao som de música instrumental e marcava a hora de dormir pelo nascer do sol. Pintor intenso, seu ateliê estava frequentemente apinhado de novas criações.

Havia pelo menos 35 anos que se dedicava à doutrina espírita, tendo fundado em sua cidade natal um centro dedicado a essa religião.

Morreu na sexta-feira (25), aos 78 anos, após um infarto. Deixa a viúva, Anete, com quem viveu por 40 anos, cinco filhos e quatro netos.

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