Folha de S. Paulo


Defesa afirma que suspeitos de fraude na prefeitura são inocentes

Advogados de dois servidores municipais presos ontem disseram que seus clientes são inocentes.

O advogado Marcio Sayeg, defensor do auditor fiscal Ronilson Bezerra Rodrigues, afirmou que não podia atender a reportagem ontem, mas adiantou sua linha de defesa: "Ele é inocente".

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Disse ainda que não poderia dar mais detalhes porque às 22h, quando a reportagem conseguiu contatá-lo, entraria em uma reunião. Falaria mais só hoje.

Já Mário Ricca, defensor do agente de fiscalização Luis Alexandre Cardoso de Magalhães, disse que não teve acesso à investigação, mas minimizou a tese de enriquecimento ilícito.

"Existe uma denúncia, que é anônima. Eu não tive ainda nenhum acesso ao que encontraram. Se é que encontraram", afirmou.

Ainda de acordo com ele, embora a polícia tenha encontrado veículos de luxo em nome de seu cliente, um Porsche e uma BMW, trata-se de carros usados que custam menos do que pode parecer.

"São carros usados. Não estou vendo nada de enriquecimento ilícito. Dois carros usados e uma moto de 20 e poucos mil reais, embora seja uma BMW. O nome fala mais alto, só isso", afirmou o advogado.

A Folha tentou contato com os advogados dos outros presos, Carlos Augusto Leite do Amaral e Eduardo Barcelos, mas não teve sucesso até a conclusão desta edição.

Na delegacia em que estavam, não havia nenhum parente dos suspeitos. Os quatro detidos também saíram em silêncio, com as cabeças cobertas, quando foram transferidos à noite para outras unidades policiais.

Editoria de arte/Folhapress

ENVOLVIMENTO

Durante a gestão Kassab, a partir de 2010, a Secretaria de Finanças da cidade de São Paulo foi comandada por Mauro Ricardo, ligado ao ex-prefeito e ex-governador José Serra (PSDB).

Atual secretário da Fazenda de Salvador, Mauro Ricardo informou ontem que lamentava os fatos praticados "por servidores públicos municipais concursados", "casos comprovados".

"O Ministério Público de São Paulo tem todas as condições de elucidar o ocorrido e apresentar a denúncia à Justiça a quem cabe julgar os fatos. Não tenho qualquer envolvimento com tais denúncias e que a Justiça cumpra o seu papel de investigar e punir os eventuais responsáveis", divulgou ele.

À Folha, ele disse que jamais desconfiou de irregularidades envolvendo o servidor. "É uma decepção. Ele era um ex-militar do Exército. Jamais imaginei esse tipo de comportamento. Sempre parecendo muito leal, muito honesto. Se portava sempre dessa forma", disse ele.

O Secovi de São Paulo (sindicato das construtoras) divulgou ter sido procurado pelo Ministério Público Estadual e que "aceitou colaborar com as investigações de combate à corrupção, mantendo o sigilo das informações, conforme solicitado".

A entidade afirmou que "permanece em constante diálogo" com a Promotoria e com a prefeitura, para "continuar colaborando na estruturação de mecanismos de aperfeiçoamento dos processos operacionais que possam levar a ilegalidades".

O sindicato das empreiteiras disse ainda que, no passado, já apresentou à administração pública "propostas concretas" sobre o tema.


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