Folha de S. Paulo


Projeto Somos Todos Amarildo compra casa na Rocinha para família do pedreiro

A família do ajudante de pedreiro Amarildo de Souza, 43, que desapareceu em 14 de julho e, segundo investigações da polícia, teria sido torturado até a morte por PMs da UPP da Rocinha, ganhou uma nova residência na comunidade da zona sul do Rio, comprada com dinheiro arrecadado pelo projeto Somos Todos Amarildo.

A produtora e empresária Paula Lavigne, líder do projeto, postou uma foto da escritura de compra do imóvel, que custou R$ 50 mil, em seu Facebook e no Twitter de seu ex-marido, Caetano Veloso. "Escritura da nova casa da família de Amarildo. Agradeço a todos que participaram desta linda empreitada! Obrigada #somostodosamarildo", escreveu.

Segundo o documento, o imóvel tem dois quartos, sala, cozinha, banheiro, área de serviço e varanda. A compra foi feita no último dia 21, com um cheque emitido por Lavigne e tendo como compradores e proprietários os seis filhos do ajudante de pedreiro.

Para arrecadar o dinheiro, o projeto Somos Todos Amarildo organizou um leilão, no apartamento de Paula Lavigne, em Ipanema, no último dia 10. O evento reuniu cerca de 120 pessoas, entre artistas, juízes, advogados e empresários -- cada convidado pagou R$ 500 para participar do jantar, e a arrecadação total foi de R$ 250 mil; a obra de arte mais cara arrematada foi um quadro de Ernesto Neto, vendido por R$ 100 mil para Ricardo Waddington, diretor da novela "Joia Rara", da TV Globo.

O restante do valor será destinado ao Instituto dos Defensores de Direitos Humanos (IDDH), do advogado João Tancredo, que acompanha o caso Amarildo.

INVESTIGAÇÕES

Até o momento, 25 policiais, lotados na UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) da Rocinha, foram denunciados pelo desaparecimento de Amarildo. Deste total, 13 estão presos e outros 12 respondem em liberdade. Todos os presos negam as acusações de que teriam torturado o ajudante de pedreiro e ocultado o seu cadáver.

Na última segunda (28), quatro soldados, todas mulheres, contaram ao Ministério Público estadual do Rio que receberam ordens de policiais superiores para ocultar provas da tortura a que foi submetido o ajudante de pedreiro.


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