Folha de S. Paulo


PT traz secretário de volta à Câmara de SP para aprovar IPTU

O secretário do Verde e do Meio-Ambiente, Ricardo Teixeira (PV), retomou na tarde desta terça-feira à sua vaga na Câmara de São Paulo para votar a favor do aumento do IPTU. Ele foi obrigado a deixar o cargo após decisão judicial. Ele é acusado de improbidade administrativa, numa ação de 2007.

Em entrevista, Teixeira já anunciou que votará a favor do aumento do IPTU. "Meu mandato não foi afetado. Cumpri a decisão judicial, agora volto para a Câmara. Vou votar a favor [do aumento do IPTU]", disse. O suplente dele, Abou Ani, havia votado contra.

Partido de Kassab se rebela e ameaça votar contra aumento do IPTU em SP
Vereadores querem cargos para aprovar aumento do IPTU

A decisão dele bate de frente com o partido. Roberto Tripoli e Dalton Silvano vão votar contra. "Meu eleitor é contra o aumento. Sou contra também", disse Tripoli, que declinou neste ano o convite para ser secretário, que acabou sendo aceito por Teixeira.

Nesta manhã, o PSD de Gilberto Kassab informou à Folha que votará contra o projeto, assim a base aliada teria oito votos a menos. Porém, o PT tenta convencer ainda os vereadores Goulart e Souza Santos, que ainda podem decidir não votar conforme a bancada.

Alfredinho Cavalcanti, líder do PT, diz contar com 30 votos favoráveis -- PT (11), DEM (2), PROS (3), PTB (3), PMDB (4), PP (2), PC do B (1), PRB (2), PHS (1) e PV (1). Será deverá ser a votação mais apertada da gestão Haddad, o que indica que o prefeito não dispõe de uma base sólida.

Hoje a Folha informa que a base de apoio de Haddad está negociando maior atuação de partidos aliados na gestão. Vereadores pedem mais cargos e verbas em subprefeituras ligadas a seus eleitores, além de maior espaço em secretarias. Entre os que vêm cobrando essa maior participação estão PSD e PMDB.

A Folha apurou que a liderança do PT quer colocar o projeto em votação ainda hoje. A rebelião deixou preocupados ontem os secretários responsáveis pela articulação para votação dos projetos de Haddad, como Antonio Donato (Governo) e Relações Governamentais (João Antonio).

AUMENTO MENOR

Para conseguir a aprovação, Haddad já aceitou reduzir os limites de aumento de 30% para 20% para imóveis residenciais e de 45% para 35% nos demais casos em 2014.

Nos reajustes dos anos seguintes, previstos para imóveis que tiveram alta valorização, o teto cai mais: 10% e 15%, respectivamente. Outra concessão é a ampliação de benefícios a aposentados.

Antonio diz que "pequenos ajustes" ainda podem ocorrer. A mudança aconteceu após a Folha revelar que, de acordo com o texto antigo, 45% dos eleitores pagariam aumentos seguidos após 2014.

Eles alegam que o reajuste trará repercussão negativa entre seus eleitores. Pesquisa Datafolha mostra que 89% dos paulistanos são contra a alta do imposto. Dentro da própria prefeitura, o receio é que parlamentares "voltem atrás".

Vereadores a favor do projeto dizem ter recebido, na sexta-feira, críticas de eleitores --houve muitas ligações para os gabinetes, afirmaram.

Parlamentares de pelo menos três partidos ouvidos pela reportagem que votar a favor do IPTU tem um ônus muito grande perante eleitores, por isso, querem, além de contrapartida, mais mudanças no projeto que diminuam ainda mais o impacto no bolso dos contribuintes.


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