Folha de S. Paulo


Coronel espancado diz que ações da PM não irão mudar após agressão

Dois dias após ter sido agredido por um grupo de manifestantes, o coronel Reynaldo Simões Rossi, destacado pela PM para supervisionar o ato convocado pelo Movimento Passe Livre, diz que a corporação não vai mudar a forma de atuar nos protestos por um oficial ter sido ferido.

Ele diz que, diferentemente das primeiras informações, não fraturou a clavícula. Teve "fraturas nas omoplatas, dois ferimentos na cabeça e escoriações no corpo" e está se
recuperando.

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Folha - O que aconteceu no momento da agressão?

Reynaldo Rossi - Eu estava no papel de supervisor, descendo em direção ao parque Dom Pedro. Eu e o meu policial nos deparamos com um grupo de jovens tentando quebrar um ponto de ônibus, desses novos. Tentei prender uma jovem. Nesse momento veio aquela horda de... dos integrantes daqueles vândalos. E decidiram perpetrar aquele conjunto de agressões.

O que deu errado?

Absolutamente nada. Fizemos o que temos feito desde os primeiros protestos: garantir o livre exercício de manifestação e coibir excessos. Dessa vez fui um dos vitimados. Mas tenho mais de 70 PMs que já o foram.

Policiais dizem que o senhor tem perfil conciliador...

O que eu fiz é a orientação que a PM dá. Existem vários protagonistas em uma manifestação. E quanto melhor a interlocução entre eles, maior o sucesso dela.

O fato de ter acontecido com um coronel pode prejudicar a imagem do senhor?

Não. Eu não me preocupo com a minha imagem. Eu me preocupo com a minha instituição, que abracei aos 15 anos. Para mim, não foi o coronel que foi ferido. Eu represento uma instituição e um dos postos é o Reynaldo. É o coronel Reynaldo. E o coronel Reynaldo é tão importante quanto o policial mais simples da minha unidade.
A polícia não vai mudar a tônica porque um coronel foi ferido, não. Soldados, cabos e sargentos também já foram.

O senhor mostrou-se preocupado na hora para que acalmassem a tropa. Tinha medo que os outros policiais, ao se darem conta...

Não. Esse é um instinto que deve permear a atitude de qualquer comandante.

É preciso agir de maneira mais enérgica com "black blocs"?

A polícia já adota o tom necessário para cada cenário, seja um grupo de "black blocs" ou não. A solução desse problema transcende a ação de polícia. Precisamos discutir aspectos legais para envolver esse novo contexto que torne mais duras as punições a pessoas que se julgam no direito de invadir manifestações legítimas e produzir toda essa gama de destruição e ferimentos. Entendo que a solução importante é a autogestão das manifestações.

Zanone Fraissat/Folhapress
O coronel Reynaldo Simões que foi ferido por manifestantes durante o protesto de sexta-feira; ele diz que a ação da PM não vai mudar
O coronel Simões que foi ferido por manifestantes durante o protesto de sexta-feira; ele diz que a ação da PM não vai mudar

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