Folha de S. Paulo


Em vídeo, artistas apoiam protestos e criticam prisões arbitrárias

Um grupo, encabeçado por atores globais como Wagner Moura, Camila Pitanga, Mariana Ximenes, Leandra Leal e Marcos Palmeira, divulgou um vídeo nas redes sociais em apoio aos protestos de rua no país, contra a violência do Estado, contra prisões de manifestantes consideradas arbitrárias e contra o tratamento que a mídia em geral dá às manifestações. Pedem ainda a liberdade dos presos no âmbito das manifestações.

O vídeo de 5 minutos e 34 segundos de duração é intitulado "Grito da Liberdade 31/10" e intercala trechos de vários depoimentos. O título leva o mesmo nome de um movimento iniciado na semana passada no Rio por companhias artísticas independentes em apoio aos protestos no Estado.

O movimento "Grito da Liberdade" marcou uma manifestação para o dia 31 de outubro, às 15h, no Rio. O ato agora conta com o apoio de globais e outras personalidades, como o poeta Chacal, o juiz da 1ª Vara de Órfãos e Sucessões do Rio, João Batista Damasceno, e o coordenador geral do Instituto de Direito da PUC-Rio, Adriano Pilatti, que dão seus depoimentos no vídeo.

"Uma manifestação é um organismo vivo. Ali são acoplados diversos sentimentos. O governo, o Estado, tem que estar preparado para lidar com isso", afirma Wagner Moura.

Vídeo

A maior parte das críticas é direcionada à violência do Estado. "Essa violência absurda da polícia contra a população, botando todo mundo no mesmo balaio. São duzentas pessoas presas politicamente [no Rio]. Isso é uma loucura em 2013", afirma Marcos Palmeira.

O poeta Chacal critica a maneira como a polícia tem reprimido os manifestantes. "É um absurdo que no Brasil, no Rio de Janeiro, o dinheiro dos impostos seja devolvido à bala e à bomba", afirma.

A atriz Camila Pitanga questiona a escalada da violência nos protestos de rua e demonstra preocupação com as consequências dela no futuro.

"A violência vai chegar até que ponto? Vão precisar ter mortes? Porque porrada já tá rolando. Pessoas sendo machucadas já está rolando. Agora já têm prisões. Daí vai para onde?", diz.

Leandra Leal coloca parte da responsabilidade da violência na conta do Estado, ao afirmar que a violência é reflexo de governos que não dialogam com a população.

"Se o Estado tivesse preocupado em desenvolver políticas públicas em diálogo com a população. Se estivesse preocupado em entender o que está por trás dessas manifestações, quais são as pautas, a gente agora não estaria vivendo esse momento de violência", afirma.

MÍDIA

Há críticas à maneira como a mídia em geral retrata os protestos de rua e também como se refere aos manifestantes, muitas vezes classificando-os como vândalos.

Alámo Facó, que faz parte do elenco da novela "Amor à Vida", da TV Globo, afirma que as pessoas que não estão na rua têm dúvida de como opinar sobre o que está acontecendo com base apenas no que leem e veem nos jornais.

"A própria imprensa taxando todos como criminosos [tem sua parcela de responsabilidade]", afirma Camila Pitanga logo após a fala de Facó.

"As pautas não podem ser perdidas nem confundidas. Acho que a mídia tá manipulando essa visão do que que está acontecendo na rua", afirma Georgiana Góes, atriz que interpretou a personagem Fifi na mini-série "Saramandaia", da TV Globo, exibida no mês passado.

"Essa história contada seria inacreditável, mas é o que a gente está vivendo e vendo nas mídias que escolhem falar a verdade", afirma Gisele Fróes, que atuou na novela "A Vida da Gente", exibida pela TV Globo em março do ano passado.

PRESOS

Os artistas finalizam o vídeo pedindo a liberação de todos os manifestantes presos até agora e convocando a população para o ato da próxima quinta-feira (31).

Marcos Palmeira fala em "anistiar os presos políticos". Chacal pede que "soltem esses meninos e essas meninas já, porque eles estão recuperando o mais humano do humano, que é o direito de sonhar".

O professor Adriano Pilatti, coordenador geral do Instituto de Direito da PUC-Rio, diz que a ameaça a democracia não está nos manifestantes e sim com quem faz a repressão.

"A ameaça à democracia, a ameaça à liberdade, a ameaça ao livre exercício do direito não está nos manifestantes. Está nos interesses escusos por trás da repressão"


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