Folha de S. Paulo


Haddad amplia mudanças em ações de Kassab

A mudança na política de internação de usuários de drogas, divulgada semana passada, ampliou as frentes em que o prefeito Fernando Haddad (PT) tem alterado programas do seu antecessor, Gilberto Kassab (PSD).

Anteriormente, o petista já havia mudado ações de Kassab nas áreas de transporte e de segurança, entre outros.

Agora, a atual gestão decidiu não renovar contratos com comunidades terapêuticas, em que os usuários ficavam internados para recuperação de três a seis meses.

A prioridade será o tratamento por meio de casas em que os dependentes só comparecem para dormir.

Um auxiliar direto de Haddad afirmou não haver operação para "desmontar" a gestão anterior, mas diversos projetos têm de ser revistos, em razão dos seus custos ou de sua efetividade.

Alex Argozino/Editoria de Arte/Folhapress

Kassab é um potencial aliado da presidente Dilma Rousseff na eleição presidencial do ano que vem, mas pode se lançar candidato a governador de São Paulo, contra o candidato do próprio PT.

Procurado pela reportagem, o ex-prefeito não quis se pronunciar sobre as alterações em seus projetos.

A gestão Haddad começou neste ano com poucas críticas ao antecessor, o que mudou já em fevereiro, quando programas como a inspeção veicular passaram a ser duramente atacados pelo petista.

"O prefeito tem alfinetado o Kassab, mas não parece ser uma política de terra arrasada", disse o coordenador do curso de administração pública da Fundação Getulio Vargas de São Paulo, Fernando Abrucio.

"Evidentemente que o novo prefeito precisa fazer mudanças, até para justificar por que foi eleito."

Abrucio destaca que há políticas de Kassab que foram até ampliadas, como o uso das OSs (organizações sociais) para administração de unidades de saúde.
educação

Uma das áreas em que as divergências públicas foram mais incisivas foi na educação. Já durante a campanha, Haddad afirmava que era um dos maiores problemas da cidade, que não atingiu as metas federais na última avaliação nacional (Ideb).

Em agosto, Haddad apresentou plano que prevê prova bimestral, lição de casa e recuperação para os alunos.

Em artigo publicado na Folha neste mês, o secretário de Educação da gestão Kassab, Alexandre Schneider, afirmou que essas ações já eram praticadas. E cobrou "critério, seriedade e transparência" nas ações da nova gestão municipal.


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