Folha de S. Paulo


Fomos surpreendidos por criminosos, diz PM espancado em SP

O coronel da PM Reynaldo Simões Rossi disse neste sábado (26) em entrevista ao "Jornal Nacional", da Rede Globo, que foi surpreendido por um "grupo de criminosos" durante a manifestação de ontem, que terminou em violência e atos de depredação em São Paulo.

Após receber alta do Hospital das Clínicas, na manhã de hoje, ele afirmou na entrevista que teve os dois omoplatas quebrados, além de lesões na perna, no abdome, e na cabeça.

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A agressão ao PM ocorreu na entrada do Terminal Dom Pedro 2º, centro da capital paulista. Em meio ao tumulto, um grupo com cerca de dez adeptos do "black bloc" --que prega destruição do patrimônio como protesto-- cercou o comandante e passou a agredi-lo com socos e pontapés. Ele foi derrubado, mas conseguiu se levantar. Neste momento, um dos mascarados golpeou o policial na cabeça usando uma chapa de ferro.

"Nós fomos surpreendidos por um grupo de vândalos, de criminosos. Eles passaram a agredir a mim e ao meu policial. Me recordo que eu fui projetado ao solo a partir de uma pancada na cabeça que eu levei na segunda onda de agressões. Eu já estava perdendo um pouco a lucidez", relatou.

Veja vídeo

O momento da agressão foi registrado em vídeo, veiculado no YouTube.

Questionado se "temeu pelo pior", ele negou. "Policial militar não teme pelo pior nesse momento. Eu, assim como todos os meus 60 policiais feridos, procurei cumprir a minha parte".

Ao todo, 92 pessoas foram detidas. Até a tarde de hoje, oito adultos continuavam presos e três adolescentes apreendidos. Um dos presos, Paulo Henrique Santiago dos Santos, 22, foi indiciado sob suspeita de tentativa de homicídio do coronel. Outro rapaz de 22 anos também está sendo investigado e é suspeito de participar do espancamento.

"Existe uma minoria que não quer interlocução, não quer negociação, mas existe sim uma maioria que em conjunto com a Polícia Militar, poderia coibir a infiltração desses criminosos nessas manifestações legítimas", acrescentou o policial.

A confusão começou por volta das 20h20 de ontem, quando os manifestantes invadiram o terminal e depredaram 18 caixas eletrônicos, dois ônibus e cinco cabines de venda de bilhete. A polícia respondeu com bombas. Telefones públicos ficaram destruídos e extintores de incêndio foram usados para quebrar vidros e cabines de venda de bilhete.

Por volta das 21h, o grupo se dispersou por ruas da região, onde foram depredadas ao menos três agências bancárias, sendo elas dos bancos Safra, Santander e Itaú. A PM usava bombas de gás lacrimogêneo e de efeito moral.

Esse foi o terceiro ato organizado pelo MPL (Movimento Passe Livre) nesta semana na capital paulista. Os dois primeiros ocorreram nas regiões do Grajaú e do Campo Limpo (zona sul) e pediam melhorias no transporte local. O de ontem defendia o fim das passagens no transporte público e contra as mudanças nas linhas de ônibus.

O MPL foi o responsável pela onda de protestos ocorrida em junho e que causou a redução do preço da tarifa de ônibus em todo o país. Segundo o movimento, protestos em série ocorrem em outubro desde 2004, ano em que houve a "revolta da catraca", em Florianópolis, quando o MPL surgiu.


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