Folha de S. Paulo


Onze continuam detidos após ato; dois são suspeitos de agredir PM

Oito adultos continuavam presos e três adolescentes apreendidos na tarde deste sábado após os protestos que terminaram em confronto e atos de vandalismo, ontem, na região central de São Paulo. Entre eles está Paulo Henrique Santiago dos Santos, 22, que foi indiciado sob suspeita de tentativa de homicídio de um coronel da PM.

Um outro rapaz de 22 anos também está sendo investigado e é suspeito de participar do espancamento ao coronel Reynaldo Simões Rossi --o policial teve alta do hospital neste sábado.

O suspeito prestou depoimento, mas, segundo Domingos Paulo Neto, diretor do Decap, "não foi possível individualizar a conduta dele" e que, por isso, foi liberado. "Isso não impede que nas próximas horas ou nos próximos dias ele não seja indiciado se uma filmagem atestar que ele agrediu o coronel", complementou.

Os demais detidos são suspeitos de dano a patrimônio, roubo, associação criminosa, entre outros. Eles são Alef Fernando Santos de Oliveira, 19, Caio Rodrigo de Andrade, 19, Carlos Augusto dos Reis Dantas, 18, Everton Ramirez, 23, Guilherme Morette de Souza, 19, Matheus Bagaiolo Raphaellim, 19, e Ricardo Lima Cintra, 20.

Ao todo, 92 pessoas foram detidas durante os protestos de ontem. "Desses, cerca de 30 manifestantes já registram antecedentes e participação em outras ocasiões, principalmente na área central e vão se complicando cada vez mais", afirmou Neto.

A polícia afirmou que cerca de 30 delas já tinham passagem por outras manifestações registradas nos últimos meses na capital paulista. Os menores de idade já foram encaminhados para a Fundação Casa e os adultos estão no 2º DP (Bom Retiro). Santos, no entanto, deve ser encaminhado ao CDP (Centro de Detenção Provisória) do Belém.

A Folha não teve contato com os detidos, nem foi informado se eles possuem advogados.

A confusão começou por volta das 20h20 de ontem, quando os manifestantes invadiram o terminal e depredaram 18 caixas eletrônicos, dois ônibus e cinco cabines de venda de bilhete. A polícia respondeu com bombas. Telefones públicos ficaram destruídos e extintores de incêndio foram usados para quebrar vidros e cabines de venda de bilhete.

A agressão ao PM ocorreu na entrada do Terminal Dom Pedro 2º. Em meio ao tumulto, um grupo de mascarados cercou o comandante e passou a agredi-lo com socos e pontapés. Ele foi derrubado, mas conseguiu se levantar. Neste momento, um dos mascarados golpeou o policial na cabeça usando uma chapa de ferro.

O coronel foi socorrido por um policial do serviço reservado da PM, vestido como se fosse um manifestantes, que afastou os agressores com uma arma em punho. Amparado por colegas, ele andou até um carro da PM, que o levou para o Hospital Clínicas. A arma do policial foi roubada durante o ato.

Por volta das 21h, o grupo se dispersou por ruas da região, onde foram depredadas ao menos três agências bancárias, sendo elas dos bancos Safra, Santander e Itaú. A PM usava bombas de gás lacrimogêneo e de efeito moral.

Esse foi o terceiro ato organizado pelo MPL (Movimento Passe Livre) nesta semana na capital paulista. Os dois primeiros ocorreram nas regiões do Grajaú e do Campo Limpo (zona sul) e pediam melhorias no transporte local. O de ontem defendia o fim das passagens no transporte público e contra as mudanças nas linhas de ônibus.

O MPL foi o responsável pela onda de protestos ocorrida em junho e que causou a redução do preço da tarifa de ônibus em todo o país. Segundo o movimento, protestos em série ocorrem em outubro desde 2004, ano em que houve a "revolta da catraca", em Florianópolis, quando o MPL surgiu.


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