Folha de S. Paulo


Polícia e Promotoria apuram se carro do Bope transportou o corpo de Amarildo

Depoimentos prestados ao Ministério Público estadual levaram promotores e policiais a suspeitar da atuação do Bope (Batalhão de Operações Especiais) no dia 14 de julho, quando o ajudante de pedreiro Amarildo de Souza, 43, desapareceu da favela da Rocinha, na zona sul do Rio.

Naquele dia, um domingo por volta das 23h, quatro carros do Bope foram chamadas à Rocinha pelo então comandante da UPP (Unidade de Polícia Pacificadora), o major Edson Santos. Segundo justificativa do major, a favela corria o risco de sofrer uma invasão de traficantes. Amarildo de Souza desapareceu por volta das 19h.

O Gaeco (Grupo de Combate ao Crime Organizado) do MP estadual já tem certeza de que a favela não corria risco de ser invadida naquela noite.

Há suspeita dos promotores de que após ser enrolado em uma capa preta, o corpo do ajudante de pedreiro possa ter sido colocado em um carro do Bope.

De acordo com depoimentos de policiais ao MP, o ajudante de pedreiro foi torturado por quatro PMs atrás da sede da UPP da Rocinha. Até o momento, 25 policiais foram denunciados pelo Ministério Público por envolvimento no desaparecimento de Amarildo de Souza. Por enquanto, 12 estão presos por tortura seguida de morte e ocultação de cadáver.

Outros 13 respondem em liberdade. A acusação também de tortura e de omissão. Segundo entendimento de promotores do Ministério Público, eles poderiam livrar Amarildo das agressões e nada fizeram. O mandante do crime seria o major Edson Santos, então, comandante da UPP.

Todos os policiais negam as acusações. O major sempre disse que liberou o ajudante de pedreiro cinco minutos após a sua chegada à sede da UPP.

O Ministério Público estadual solicitou ainda perícia nos carros do Bope para verificar se há marcas de sangue. Os promotores também vão convocar os policiais da unidade para prestarem depoimento sobre a ida à Rocinha naquela noite.


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