Sob gritos de "olê olê olá, Dilma" e na presença de vários ministros de Estado, a presidente Dilma Rousseff sancionou o programa Mais Médicos e fez questão de pedir desculpas ao médico cubano Juan Delgado, 49, que foi vaiado por profissionais brasileiros ao sair do primeiro dia do curso de acolhimento do programa. Pouco antes, o ministro Alexandre Padilha (Saúde) classificou o episódio de "corredor polonês da xenofobia".
"Não apenas pelo fato de ele ter sofrido um imenso constrangimento ao chegar ao nosso país, do ponto de vista pessoal e do governo, eu peço nossas desculpas a ele", discursou a presidente.
Em sanção de Mais Médicos, Padilha nega caráter eleitoreiro do programa
Vamos para onde os brasileiros não vão, diz cubano vaiado por médicos
Dilma sancionou nesta terça-feira (22) o programa Mais Médicos, que envia médicos para regiões remotas do país. Ela discursou a uma plateia de cerca de 600 médicos, sobretudo estrangeiros. Antes, foi elogiada por sua coragem por lançar o programa pelo ministro Alexandre Padillha (Saúde).
"Queria destacar a figura do ministro Padilha. Muitas vezes ele passou por situações similares à do Juan e manteve a sua postura firme. Uma pessoa que escutou tranquilamente as críticas, soube responder a elas com tranquilidade, demonstrou capacidade de diálogo." A presidente argumentou que o "maior anseio da população brasileira" é ter garantido o atendimento médico.
Durante sua fala, Padilha negou que o programa tenha caráter eleitoreiro. Ele argumentou que quem aponta intenções políticas no Mais Médicos "parece não ter percebido que a solução foi [um pedido] de prefeitos e prefeitas de todos os partidos desse país".
"Há três semanas eu estava junto do prefeito de Salvador, do DEM. Ninguém pode dizer que o DEM é um partido aliado da presidenta Dilma, e fomos visitar duas unidades de saúde", afirmou o ministro.
Para ele, essa alegação é feita por aqueles que já têm garantido atendimento médico. "Só quem tem a facilidade de ter acesso a médicos pode dizer que é eleitoreiro um programa que leva [os profissionais] para milhões e milhões de pessoas."
CORREDOR POLONÊS
Numa fala de cerca de meia hora, Padilha citou exemplos de cidades que já receberam os profissionais do programa e de brasileiros que passaram a ter melhor atendimento. E citou o médico cubano Juan Delgado.
"Aquele corredor polonês da xenofobia que te recebeu em Fortaleza não representa o espírito nem do povo brasileiro nem da maioria dos médicos brasileiros", disse Padilha. Delgado, presente à cerimônia de sanção da lei, recebeu longas palmas da plateia.
Padilha fez vários elogios à presidente Dilma, e destacou que a iniciativa "corajosa" de lançar o programa já está sendo reconhecido pela população brasileira. Na época do lançamento, o programa foi alvo de críticas de entidades médicas, que realizaram diversos protestos.
"Não tenho dúvida nenhuma que o ato de coragem da presidenta Dilma já é reconhecido pela população e será cada vez mais. Porque o Mais Médicos não é apenas essa ação emergencial e transitória, que já tem da população um profundo reconhecimento."
É o segundo evento no Palácio do Planalto sobre o programa. Em julho, Dilma participou de evento semelhante ao lançar o Mais Médicos. Agora, num salão com ministros, deputados e senadores, sancionou nesta terça-feira a lei, com alguns ajustes feitos pelo Congresso Nacional.
Jarbas Oliveira - 26.ago.2013/Folhapress | ||
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Médico cubano vaiado por manifestantes em Fortaleza; presidente Dilma pediu desculpas para o profissional |
EDITAL PARA MUNICÍPIOS
Durante a cerimônia, o ministro Aloizio Mercadante (Educação) anunciou ainda lançamento de edital para que municípios interessados em novas vagas de medicina se apresentem ao governo federal.
No primeiro semestre, a pasta mudou a lógica de abertura de novas vagas da graduação: a partir de agora, não caberá mais às instituições fazer pedidos de cursos - o governo apontará onde poderão ser criadas essas vagas.
Os municípios interessados deverão cumprir determinados requisitos para se candidatarem - como infraestrutura da rede pública de saúde. Só após essa seleção as instituições de ensino superior poderão manifestar interesse em abrir os cursos.
Ao todo, o governo prevê a criação, em quatro anos, de 12,3 mil vagas de residência médica e 11,4 mil de graduação. Mercadante anunciou a criação de oito novas faculdades de medicina - quatro delas em instituições privadas e outras quatro em públicas.
TRAMITAÇÃO
Durante a tramitação na Câmara e no Senado, o governo atuou para evitar grandes alterações ao texto original --com isso, foi mantida a essência do programa, como a permissão para que médicos formados no exterior sem revalidação de diploma possam atuar no Brasil por um determinado período.
A mudança mais expressiva feita na medida provisória permitirá agora acelerar o programa: caberá ao Ministério da Saúde, e não mais aos conselhos regionais de medicina, a tarefa de emitir os registros dos médicos intercambistas. O governo alegava que as entidades, contrárias ao programa, estavam atrasando propositalmente a emissão dos documentos.
A primeira etapa do Mais Médicos registrou a participação de 1.258 profissionais, entre aqueles formados no Brasil e no exterior. Na segunda rodada, foram inscritos 2.149 médicos (2.000 deles de Cuba), além de 416 profissionais com diploma nacional - balanço preliminar mostra que, desses, apenas 171 se apresentaram aos municípios.
De acordo com o Ministério da Saúde, 1.232 médicos já estão atuando em postos de saúde em todo o pais. No mês passado, 320 mil consultas foram feitas pelos médicos do programa.
Pouco mais de dois meses após lançar o Mais Médicos em cerimônia no Palácio do Planalto, a presidente Dilma Rousseff fez um novo evento com foco no programa federal, cujo objetivo é aumentar a presença de médicos no interior do país e em periferias de grandes capitais.
Num salão com diversos ministros da Esplanada dos Ministérios e 680 médicos intercambistas inscritos no programa --a maior parte deles de Cuba--, Dilma sancionou a lei com alguns ajustes feitos pelo Congresso Nacional.
Em seu discurso, o ministro Alexandre Padilha (Saúde) negou que o programa tenha caráter eleitoreiro --o petista é candidato virtual ao governo de São Paulo em 2014. Padilha argumentou que quem aponta intenções políticas no Mais Médicos "parece não ter percebido que a solução foi [um pedido] de prefeitos e prefeitas de todos os partidos desse país".
"Há três semanas eu estava junto do prefeito de Salvador, do DEM. Ninguém pode dizer que o DEM é um partido aliado da presidenta Dilma, e fomos visitar duas unidades de saúde", afirmou o ministro.
Para ele, essa alegação é feita por aqueles que já têm garantido atendimento médico. "Só quem tem a facilidade de ter acesso a médicos pode dizer que é eleitoreiro um programa que leva [os profissionais] para milhões e milhões de pessoas."
CORREDOR POLONÊS
Numa fala de cerca de meia hora, Padilha citou exemplos de cidades que já receberam os profissionais do programa e de brasileiros que passaram a ter melhor atendimento. Ele ainda citou nominalmente o médico cubano Juan Delgado, 49, vaiado ao sair do primeiro dia do curso do programa Mais Médicos.
"Aquele corredor polonês da xenofobia que te recebeu em Fortaleza não representa o espírito nem do povo brasileiro nem da maioria dos médicos brasileiros", disse Padilha. Delgado, presente à cerimônia de sanção da lei, recebeu longas palmas da plateia.
Padilha fez vários elogios à presidente Dilma, e destacou que a iniciativa "corajosa" de lançar o programa já está sendo reconhecido pela população brasileira. Na época do lançamento, o programa foi alvo de críticas de entidades médicas, que realizaram diversos protestos.
"Não tenho dúvida nenhuma que o ato de coragem da presidenta Dilma já é reconhecido pela população e será cada vez mais. Porque o Mais Médicos não é apenas essa ação emergencial e transitória, que já tem da população um profundo reconhecimento."
TRAMITAÇÃO
Durante a tramitação na Câmara e no Senado, o governo atuou para evitar grandes alterações ao texto original --com isso, foi mantida a essência do programa, como a permissão para que médicos formados no exterior sem revalidação de diploma possam atuar no Brasil por um determinado período.
A mudança mais expressiva feita na medida provisória permitirá agora acelerar o programa: caberá ao Ministério da Saúde, e não mais aos conselhos regionais de medicina, a tarefa de emitir os registros dos médicos intercambistas. O governo alegava que as entidades, contrárias ao programa, estavam atrasando propositalmente a emissão dos documentos.
A primeira etapa do Mais Médicos registrou a participação de 1.258 profissionais, entre aqueles formados no Brasil e no exterior. Na segunda rodada, foram inscritos 2.149 médicos (2.000 deles de Cuba), além de 416 profissionais com diploma nacional --balanço preliminar mostra que, desses, apenas 171 se apresentaram aos municípios.
De acordo com o Ministério da Saúde, 1.232 médicos já estão atuando em postos de saúde em todo o pais. No mês passado, 320 mil consultas foram feitas pelos médicos do programa.