Mais da metade da população da cidade de São Paulo já foi vítima de algum tipo de crime. É o que mostra um estudo apresentado nesta terça-feira (22) pelo Centro de Políticas Públicas do Insper Instituto de Ensino e Pesquisa.
De acordo com o levantamento, 53% dos entrevistados sofreram ao menos uma ocorrência ao longo da vida. Esta marca é 2,6% superior ao último levantamento feito pelo Insper, em 2008, porém é 8,5% menor que a primeira pesquisa feita há 10 anos.
Três em cada dez pessoas entrevistadas tiveram um bem roubado ou furtado -- esta marca registrou estabilidade na comparação com as pesquisas anteriores. 17% já foram ameaçados com armas de fogo e 13% disseram que sua casa foi pelo menos uma vez invadida por bandidos, mostra a pesquisa.
A última pesquisa Datafolha de vitimização, feito em 2012, corrobora com o estudo do Insper. 13% dos entrevistados pelo instituto disseram que tinham sido assaltados nos últimos 12 meses. Outros 8%, de acordo com a pesquisa do Datafolha, tiveram a casa invadida pelo menos uma vez em menos de um ano.
FALTA DE REGISTRO
Outro dado relevante do estudo divulgado hoje pelo Isper é o baixo registro de boletins de ocorrência para furtos e roubos. Entre 3.000 entrevistados em abril e maio deste ano, 64% não comunicaram à polícia um caso de roubo. No caso de furtos, o número é ainda maior: 80%.
Segundo a pesquisa, a maioria dos entrevistados alegou que não registrou o caso à polícia por medo de represálias ou por acreditar que seria uma perda de tempo.
"Ao compararmos os resultados de 2013 e 2003 através da análise do banco de dados, concluímos que a vitimização em São Paulo permaneceu estável em alguns tipos de crime, apresentando variações estatisticamente insignificantes. Porém, os números são elevados e mostram a insegurança das pessoas", disse o coordenador da pesquisa Naercio Menezes Filho.
Para Luciana Guimarães, do Instituto Sou da Paz, o baixo registro de boletins de ocorrência é o dado mais preocupante. "Não dá para saber o que acontece de fato. O Estado precisa ter um olhar mais criterioso para roubos e furtos. Apenas 4% dos BOs em São Paulo viram um inquérito policial. Em Nova York, 100% dos casos registrados são investigados", afirmou Luciana.
Editoria de arte/Folhapress | ||
INTELIGÊNCIA POLICIAL
O secretário da Segurança Pública, Fernando Grella Vieira, participou do evento. Segundo ele, a baixa procura das pessoas para registrar ocorrências na policia é um "enorme obstáculo".
Para Grella, a política de segurança pública precisa ser feita com inteligência. "Em novembro pretendemos integrar o banco de dados das polícias Militar e Civil. O Estado deve investir ainda não mais em tecnologia para conter a criminalidade", disse o secretário.
Grella ainda voltou a comentar sobre as recentes ameaças do PCC (Primeiro Comando da Capital), reveladas por meio de uma investigação do Ministério Público. De acordo com o secretário, as ameaças de matar o governador Geraldo Alckmin (PSDB) e fazer atentados durante a Copa do Mundo são um "alarmismo sem fundamento".
"Não há nada que realmente comprove um plano para matar o governador nem fazer ataques durante a Copa. A situação no entanto exige atenção e um trabalho de inteligência", afirmou.