Folha de S. Paulo


Manifestantes incendeiam carro em ato em SP; trens voltam a circular

Um grupo de manifestantes colocou fogo em ao menos um carro no início da noite desta segunda-feira em um protesto contra a reintegração de posse de terrenos da região do Jardim Pantanal, na zona leste de São Paulo. Não há informação de feridos.

No começo da noite, ainda havia alguns moradores protestando na região da avenida Doutor Assis Ribeiro, que estava totalmente interditada, nos dois sentidos, na altura do número 10.859. Duas equipes da Tropa de Choque foram encaminhadas para o local. Foram usados bombas de efeito moral e de gás lacrimogêneo para tentar conter o grupo.

Os manifestantes também tinham jogado pneus incendiados na linha 12-safira da CPTM por volta das 16h50, o que interrompeu a circulação de trens por seis estações até as 18h15. Por volta das 18h40, a circulação já estava normalizada, mas ainda havia lotações nas plataformas.

A reintegração que provocou a manifestação ocorreu na manhã de hoje e provocou confronto entre moradores e policiais militares. Ao menos 150 famílias tiveram que deixar dez terrenos que pertencem a CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano).

Para retirar os moradores, a PM jogou bombas de gás e efeito moral, além de spray de pimenta. Os moradores revidaram com pedras e morteiros. Um carro também foi incendiado no local dos protestos na ocasião.

O repórter-fotográfico do jornal "Agora" Rivaldo Gomes foi atingido na região lombar por estilhaços de uma bomba atirada pela Polícia Militar. Ele sofreu ferimentos leves e recebeu medicação. Não há informações de moradores ou policiais militares feridos.

ASSISTÊNCIA

Os moradores disseram que não foram procurados por nenhum órgão estadual ou municipal para cadastro de moradia ou bolsa-aluguel. Procurada, a CDHU disse que os afetados precisam procurar a companhia para fazer o cadastro de moradia. A prefeitura alegou que, como os terrenos pertencem ao governo do Estado, a assistência aos moradores cabe apenas à CDHU.

Após a reintegração, a companhia cedeu caminhões para levar os móveis dos desabrigados. Muitos foram levados para um galpão de um pastor da região. "Disseram para mim que eu podia levar meus móveis para casa de parentes, mas meus parentes moram na Bahia. Não tenho para onde ir", diz Gilberto Bulhões Souza, 33, autônomo.

A CDHU afirma que a invasão prejudica o processo de regularização fundiária do núcleo, o que vai garantir a cada morador a garantia do seu imóvel. Os locais invadidos serão usados para a construção de praças, ruas e escolas.


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