Folha de S. Paulo


Manifestantes voltam a interditar linha da CPTM na zona leste de SP

Um grupo de manifestantes interrompeu a passagem de trens na linha 12-safira da CPTM na tarde desta segunda-feira, na zona leste de São Paulo. Por volta das 17h30, não estava circulando nenhuma composição entre as estações Brás e São Miguel Paulista.

Segundo a companhia, foram jogados pneus incendiados entre as linhas Comendador Ermelino e São Miguel por volta das 16h50. A CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) e a PM não tinham informações de protestos nas ruas da região até as 17h30.

Os manifestantes já tinham feito um outro ato, na última quinta-feira (17), contra a reintegração de posse de terrenos da região do Jardim Pantanal. A linha da CPTM também foi fechada na ocasião. Foram sete estações paradas por mais de 3 horas.

A reintegração que provocou a manifestação ocorreu na manhã de hoje e provocou confronto entre moradores e policiais militares. Ao menos 150 famílias tiveram que deixar dez terrenos que pertencem a CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano).

Para retirar os moradores, a PM jogou bombas de gás e efeito moral, além de spray de pimenta. Os moradores revidaram com pedras e morteiros. Um carro foi incendiado no local dos protestos. Ninguém ficou ferido.

O repórter-fotográfico do jornal "Agora" Rivaldo Gomes foi atingido na região lombar por estilhaços de uma bomba atirada pela Polícia Militar. Ele sofreu ferimentos leves e recebeu medicação. Não há informações de moradores ou policiais militares feridos.

Os moradores disseram que não foram procurados por nenhum órgão estadual ou municipal para cadastro de moradia ou bolsa-aluguel. Procurada, a CDHU disse que os afetados precisam procurar a companhia para fazer o cadastro de moradia. A prefeitura alegou que, como os terrenos pertencem ao governo do Estado, a assistência aos moradores cabe apenas à CDHU.

Após a reintegração, a companhia cedeu caminhões para levar os móveis dos desabrigados. Muitos foram levados para um galpão de um pastor da região. "Disseram para mim que eu podia levar meus móveis para casa de parentes, mas meus parentes moram na Bahia. Não tenho para onde ir", diz Gilberto Bulhões Souza, 33, autônomo.

A CDHU afirma que a invasão prejudica o processo de regularização fundiária do núcleo, o que vai garantir a cada morador a garantia do seu imóvel. Os locais invadidos serão usados para a construção de praças, ruas e escolas.


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