Folha de S. Paulo


Jetsurf é o novo esporte que reúne 'endinheirados'

Ela tinha tudo para ser como uma prancha de surfe. Salvo alguns detalhes: tem escapamento, partida elétrica, carburador, turbina, bateria e tanque de gasolina.

Equipada com um motor de 100 cavalos, é capaz de chegar a 55 km/h e está virando a vedete de uma nova modalidade de esporte, o jetsurf.

O "brinquedinho", uma prancha motorizada, deve se popularizar mais no próximo verão. É vendido por aqui por R$ 45 mil. Ao redor dele, uma turma de endinheirados se mobiliza para criar um campeonato brasileiro e trazer para o país uma etapa do mundial -a próxima será em dezembro, em Dubai.

Essa turma é liderada pelos empresários de Brasília Luciano Raposo, 41, e Augusto Hughes, 31.

Eles trouxeram as primeiras pranchas para o país e viraram representantes da fábrica, que fica na República Tcheca -o equipamento é uma adaptação criada pelo engenheiro Martin Sula, que usou sua experiência na Fórmula 1 para turbiná-lo.

"A gente já tem marcado o primeiro campeonato brasileiro de jetsurf. Acontecerá em janeiro do ano que vem. Serão três etapas: uma em Fortaleza, uma em Salvador e a final vai ser em Recife", contou Raposo.

Já foram vendidas 120 unidades da "máquina" no país.

O público forte, segundo eles, são empresários do interior de São Paulo, do Rio e do Nordeste. "Eles usam como hobby, ou para a diversão dos filhos, alguns atletas também", afirmou Hughes.

O cardiologista Hermes Carloni, 44, é um destes novos adeptos. "Mergulho, faço caça submarina, sempre que viajo procuro ver novidades. O esporte é apaixonante", disse. Para ele, a vantagem do jetsurf é poder praticá-lo "com onda, sem onda, na praia, na lagoa, no rio."

Adriano Vizoni/Folhapress
Praticante de 'jetsurf' no Guarujá (SP)
Praticante de 'jetsurf' no Guarujá (SP)

NAS ALTURAS

"Ele voou, cara. Ele chegou na lua. Ele foi muito alto", dizia Hughes, enquanto o estudante de administração Antonio Ometto, 20, de São Paulo, mostrava como usar o equipamento nas águas da praia do Tombo, no Guarujá (a 86 km da capital).

Ometto, que não era da tribo do surfe, foi apresentado à prancha por um amigo há oito meses. "Ele me mostrou e gostei pra caramba", disse.

SEGURANÇA

Não existe uma legislação específica para o jetsurf. É a Capitania dos Portos quem estabelece a legislação sobre as embarcações utilizadas nas águas brasileiras.

Os equipamentos são divididos entre os que têm e não têm motor. A nova "prancha" tem, mas não é especificado.

"A legislação é antiga, então não é muito bem definido. A gente indica que é preciso ser um arrais-amador ou ser motonauta. Estamos trabalhando com a Marinha para atualizar essa legislação", explicou Hughes.

Arrais-amador é quem tem a licença para conduzir embarcações, exceto moto aquática. Já o motonauta é quem pode conduzir a moto aquática (jet ski).

De acordo com a Capitania dos Portos, para ser um dos dois é preciso passar por uma prova escrita ou digital, composta de 40 questões de múltipla escolha. É preciso acertar ao menos metade das perguntas da prova.


Endereço da página: