Folha de S. Paulo


Advogado diz que detidos no Rio manifestavam de forma pacífica

O advogado Luiz Peixoto, membro da Comissão de Direitos Humanos da OAB, afirmou nesta quarta-feira que os jovens detidos na frente da Câmara do Rio durante os protestos da noite de ontem (15) agiam de forma pacífica na escadaria do prédio quando a polícia fez um cerco no local.

Peixoto disse que os manifestantes não foram informados sobre o motivo da abordagem durante a detenção. Trinta e nove pessoas continuavam detidas na 25ª DP, no Engenho Novo, zona norte do Rio, na tarde de hoje, acompanhados de parentes, advogados voluntários e ativistas. Sete dos detidos são menores de idade.

Polícia apura ação de pessoas de outros Estados em atos no Rio

Ao todo, 190 pessoas foram detidas durante os protestos de ontem na capital fluminense. Desses, 84 permanecem detidos hoje, sendo 64 adultos e 20 menores de idade.

A autônoma Rita de Cássia Menezes Silveira, 49, é mãe de um dos detidos. Ela estava visivelmente nervosa e chateada com a situação. Ela, que é mãe dos estudante da rede estadual Denis Menezes Silveira, 19, disse que chamou seu filho para participar da manifestação. No momento da detenção, disse, os dois estavam sentados na escadaria da Câmara.

"Eu que falei para o meu filho para irmos à manifestação em apoio aos professores. Quando a PM veio prender ele eu pedi que me levassem também porque estávamos juntos, mas o policial falou que só ele seria levado. Estou chateada porque nós fomos juntos de trem para o centro e ele está preso e eu não", disse ela, que é moradora de Campo Grande.

Assim como Rita de Cássia, todos na DP estavam com um semblante de cansaço. Todos viraram a noite na delegacia. Parentes compraram pães, margarina e leite para os manifestantes em uma padaria próxima. O café improvisado foi servido às 6h.

A maior parte dos detidos fazia parte do Ocupa Câmara, acampamento de protesto erguido ao pé das escadarias do parlamento municipal. O acampamento ficou de pé por três meses e foi desfeito ontem por policiais e garis da Conlurb. Os detidos foram retirados em ônibus.

Rita de Cássia cobrava dos professores uma mobilização para pressionar as autoridades para a liberação dos presos. Ela disse que os professores tiveram apoio da sociedade quando pediram. Agora seria a hora de os docentes retribuírem o apoio.

"Cadê os professores, cadê o Sepe (Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação)? Eu e meu filho fomos lutar na causa deles e o meu filho está preso agora. Eles deveriam estar aqui na porta da DP dando apoio pra gente".

Os manifestantes estavam dentro de um ônibus na tarde de hoje. Parentes "visitavam" os detidos. Um policial controlava o acesso. Só eram permitidas duas pessoas por vez. Do lado de fora da DP, amigos e parentes cantavam: "aos presos políticos, liberdade já. Lutar não é crime, vocês vão nos pagar" e "Cabral é ditador".

Os presos são em sua maioria estudantes secundaristas e universitários. Há ainda um carteiro dos Correios, que está uniformizado, de chapéu azul e camisa amarela. Ele, que não quis falar com a reportagem, era frequentador da ocupação.


Endereço da página:

Links no texto: