Folha de S. Paulo


Polícia apura ação de pessoas de outros Estados em atos no Rio

A Chefe de Polícia Civil do Rio, a delegada Martha Rocha, disse que a polícia investiga a presença de pessoas de outros Estados entre os mascarados presos ontem (15), no centro do Rio, durante um protesto que terminou em confronto, depredação de prédios públicos e atos de vandalismo.

"Em um primeiro momento percebi que, entre os presos, havia pessoas de São Paulo, Brasília, Rondônia e Espírito Santo. Queremos saber se eles vieram especificamente para o evento ou não. Para nós, alguns disseram que passavam férias no Rio", afirmou Rocha, que mobilizou 10 delegacias para receber os manifestantes presos.

Das 190 pessoas detidas, 64 adultos permanecem presos e 20 menores de idade continuam apreendidos. A Justiça está definindo qual será a punição à cada um dos jovens. A polícia indiciou 27 por organização criminosa e outros 43 por formação de quadrilha ou bando. Outros 14 estão detidos por outros crimes como roubo, incêndio e dano ao patrimônio público.

Os delegados que indiciaram o grupo com base na nova lei de organização criminosa sancionada pela presidente Dilma Rousseff, em agosto, levaram em conta a associação de quatro ou mais pessoas que pratiquem crimes, ainda que informalmente, para obter vantagem de qualquer natureza. Tudo de forma estrutural e organizada.

Na lei se prevê o aumento da pena se os suspeitos utilizarem armas de fogo ou tenham a participação de menores de idade. A pena é de três a oito anos podendo aumentar com os agravantes. O crime é inafiançável.

No caso da formação de quadrilha ou bando, os policiais levaram em conta a associação de três ou mais pessoas que se associam para a prática de crimes. A reclusão, se condenados, é de um a três anos, aumentando se o grupo utilizar armas.

Além das prisões, houve a apreensão de produtos como facas, canivetes, bolas de gude, estilete, máscaras, dois escudos, serrote, luvas de boxe, pedras portuguesas e azulejos. A polícia ainda apreendeu duas bandeiras. Uma delas com a inscrição "Núcleo Zona Norte - Resistência Suburbana".

"Percebemos que existe a união de pessoas com o propósito criminoso. Olhamos para esse grupo da zona norte como uma organização. Queremos saber se há em outros lugares. Agora, não me parece que alguém vá de forma pacífica para uma manifestação portando esses materiais", afirma a chefe de polícia.

Rocha criticou os professores em greve do município do Rio por apoiar os "black blocs" e lembrou ter sido professora primária.

"Queria fazer uma reflexão. Ninguém aguenta mais essa situação. As pessoas não suportam mais isso. Basta olhar: está havendo um aumento de intensidade da violência a cada protesto. É só olhar como a cidade está", conta a delegada.


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