Folha de S. Paulo


Cúpula da Segurança do Rio tenta identificar homens que atiraram em manifestação

A cúpula da Segurança do governo do Estado do Rio tenta identificar três homens que atiram a esmo durante manifestação no centro da cidade na noite dessa terça-feira (15). Segundo o secretário de Segurança Pública do Estado, José Mariano Beltrame, ainda não foi confirmado se o trio à paisana trabalha para a inteligência da PM.

"Nós não temos que essas pessoas sejam policiais, inclusive a PM me informou preliminarmente que não havia policiais armados escalados para aquele serviço. De qualquer forma, sejam policiais ou não, obviamente terão que responder pelo uso de arma de fogo em via pública", afirmou Beltrame, após participar de encontro com gestores de segurança em Duque de Caxias, Baixada Fluminense.

Os três homens foram flagrados em imagens divulgadas pela TV Globo atirando durante o protesto. A reportagem da Folha viu PMs fardados circulando com armas letais na rua Santa Luzia, no centro, em meio a manifestação.

Ao ser questionado sobre o assunto, o secretário de Segurança disse que desconhece a atuação de PMs armados no protesto, mas lembra que a possibilidade não é inviável. "Eu não vejo problema deles andarem armados. O problema é você usar mal uma arma", afirmou.

Sobre o quebra-quebra e os carros da PM incendiados por vândalos, Beltrame classificou o episódio como "caótico". Ele disse acreditar, no entanto, que a polícia ainda não perdeu o controle da situação.

"Se perdesse o controle as consequências poderiam ser muito piores das que foram --considerando pessoas presas que nós temos. Agora, temos que apresentar essas pessoas à Justiça e fazer com que elas assumam juridicamente o que fizeram", destacou.

A Secretaria da Segurança Pública informou que no total 60 continuam presos por atos de vandalismo até a madrugada de hoje. A Secretaria Municipal de Saúde afirmou que 11 ativistas foram levados para o Hospital Souza Aguiar, no centro. Eles sofreram apenas ferimentos leves. Foram medicados e liberados.

"De certa forma é um fato novo para todos nós, para a imprensa, para o país. Nunca se teve aqui manifestações desse tamanho com pessoas mascaradas, com pessoas usando máscara de proteção de bombas de gás, atirando coquetel molotov. Eu acho que todos nós estamos aprendendo com isso, dia a dia, e acho que a Polícia Militar, ao longo dessas manifestações que aqui no Rio não param, evoluiu muito", avaliou Beltrame.

MANIFESTANTE BALEADO

Na manhã desta quarta, a assessoria da Clínica São Vicente, na Gávea, zona sul, confirmou que uma pessoa deu entrada às 23h de ontem ferida com um tiro no braço. De acordo com a unidade, o jovem de 18 anos disse ter sido atingido durante o protesto dos professores no centro da cidade. Até a tarde de hoje, porém, não havia informações do autor dos disparos.

A passeata pacífica reuniu pelo menos sete mil pessoas no centro, segundo a PM. Após o término do protesto, um grupo de ativistas mascarados entrou em confronto com policiais militares que estavam na região da Cinelândia e ruas do entorno da Biblioteca Nacional. Bancos, lojas e dois carros da polícia foram depredados e incendiados.


Endereço da página: