Folha de S. Paulo


Ex-secretário critica política que despreza potenciais ferroviários e hidroviários de SP

Frederico Bussinger, atual consultor do Idelt e ex-secretário municipal de Transportes, aproveitou a sua palestra no primeiro dia do Fórum de Mobilidade Urbana da Folha, nesta quarta-feira, para falar sobre o quão dependente a região metropolitana de São Paulo é de meios rodoviários.

Por ano, 1 bilhão de toneladas de resíduos são transportadas no sistema viário do Estado de São Paulo. Segundo Bussinger, 50% desse total está na macro-metrópole. Apenas o mercado da construção civil da região metropolitana de São Paulo é responsável por colocar 111 milhões de toneladas por ano de cargas - é praticamente o mesmo número do Porto de Santos.

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Com isso, o especialista explicou que, muitas vezes, a logística é esquecida pelas pessoas, inclusive por quem está teoricamente ambientado ao tema. Para ele, o problema não se limita apenas a resolver as questões rodoviárias.

Um dos exemplos vem dos shoppings centers paulistas: 38% deles só têm uma doca para descarga. "46% de caminhões andam sem carga no viário urbano da região. Esse número representa o dobro da Europa e o triplo dos Estados Unidos", afirmou.

Mas ele se demonstra otimista ao indicar duas possíveis soluções para aliviar esta dependência: uma rede de plataformas logísticas, unindo hidrovias, ferrovias e rodovias para uma melhor distribuição de recursos, e um hidroanel unindo as grandes regiões de São Paulo.

Bussinger criticou a criação de shoppings e moradias em regiões chaves para estas conexões e mostrou um mapa da região dando ênfase ao sistema hidroviário.

"São Paulo é quase uma ilha, cercada pelos rios Tietê, Pinheiros e Billings", afirmou. Também indicou que, assim como nos pontos logísticos, os três meios de transporte de carga se encontram em três pontos chave, facilitando o transporte.

Ao explicar o pensamento que muitos têm sobre o governo, Bussinger demonstrou sucintamente a mensagem de sua palestra.

"Vemos os números e pensamos 'mais caminhões, mais estradas, mais viadutos, mais, mais, mais, quando a resposta às vezes é menos".


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