Folha de S. Paulo


Câmeras não funcionam em prédio da Poli-USP onde aluna foi atacada

As câmeras do prédio da Poli (Escola Politécnica) da USP (Universidade de São Paulo) onde uma estudante sofreu ontem (8) uma tentativa de estupro não funcionam. A informação foi confirmada pela direção da Poli que disse que desconhecia o fato dos equipamentos estarem quebrados.

Sem as imagens, a polícia ainda não conseguiu identificar o homem que entrou no banheiro do Departamento de Engenharia de Produção e atacou a aluna do curso de engenharia de produção, de 23 anos.

De acordo com engenheiro Sérgio Luiz Madjaros, 57, pai de uma amiga da vítima, a jovem, que é do interior de São Paulo, entrou no banheiro para retocar a maquiagem quando foi atacada.
O criminoso estava escondido em uma das baias do banheiro e atacou a estudante pelas costas.

"Existiam câmeras na porta do banheiro, mas não funcionavam. Como isso pode acontecer na mais tradicional faculdade de engenharia? Os laboratórios da faculdade, que custam milhões, não podiam consertar em alguma aula prática?", questiona o engenheiro.

Segundo ele, a estudante - que teve a sua identidade preservada - disse que o suspeito aparentava ter entre 20 e 30 anos e estava mal vestido. "Ela contou que ele usava uma calça caqui e camiseta, parecidas com as usadas por operários que trabalham no campus. A pessoa não vai entrar no campus só para estuprar. É alguém que está perto e aproveitou a oportunidade", opina.

Procurada, a Poli não soube dizer quanto tempo as câmeras estavam quebradas nem quantas são.

CATRACA

De acordo com nota enviada pela Poli, guardas e câmeras de segurança são utilizados para manter a segurança interna. "A restrição de acesso, com a implantação de catracas, poderá ser proposta novamente, já que há cerca de seis anos os próprios alunos vetaram a ideia", informou a nota.

Para Madjaros, a proposta do diretor da faculdade, José Roberto Cardoso, de instalar catracas para restringir a entrada de estudantes não terá resultado. "Em universidades na Alemanha, não há catraca, mas uma segurança pública que é um primor. O campus precisava ser monitorado para prevenir qualquer atitude suspeita".

Segundo Madjaros, apesar de traumatizada a menina passa bem. Ela teve um ferimento na garganta e seguia internada na tarde de hoje no Hospital Universitário.

A direção da Poli afirmou que vai abrir uma sindicância interna para apurar eventuais omissões no caso.De acordo com nota enviada pelo diretor da faculdade, a segurança dos alunos é "dever da escola". A polícia afirmou ter pedido perícia para o banheiro na tentativa de encontrar alguma impressão digital que levasse ao agressor, mas nenhum suspeito foi identificado ou detido.

A nota enviada pela Poli diz que o diretor foi visitar a estudante no hospital e que lamenta o ocorrido. Cardoso informou a estudante que será dado todo o apoio necessário e, caso ela se sinta ameaçada, ele também colocará à sua disposição um segurança. Ele informou ainda que o banheiro feminino, hoje localizado nos fundos do departamento, será transferido para um local onde haja maior trânsito de pessoas.


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