Folha de S. Paulo


Ato em SP teve morteiros contra PMs e martelos para depredação

Cordão de isolamento, cassetete e bombas de gás lacrimogêneo deixaram de intimidar os adeptos da tática black bloc --de destruição de patrimônio-- de São Paulo.

Ontem, durante protesto na região central, manifestantes enfrentaram agrupamentos com até 50 PMs.

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Para atacar os policiais, atiraram morteiros e usaram estilingues para lançar coquetéis molotov. Na hora de depredar lojas e agências bancárias, usaram martelos e bastões de ferro.

Em uma ação chamada de ousada por um delegado, os manifestantes ainda tombaram um veículo da Polícia Civil que estava estacionado na avenida Rio Branco, a 20 metros do 3º Distrito Policial.

Editoria de Arte/Folhapress

Em comum com protestos anteriores estava a tática de atacar com o rosto coberto.

A manifestação em São Paulo era em apoio aos professores do Rio que estão em greve. Foram duas concentrações, uma na avenida Paulista e outra em frente ao Theatro Municipal, no centro, somando cerca de 300 pessoas.

O início, no final da tarde, como das vezes anteriores foi pacífico. Grupos cantavam paródias sobre os governadores Geraldo Alckmin (PSDB-SP) e Sergio Cabral (PMDB-RJ). "O balancê, balancê. Escute o que vou te dizer. Geraldo fascista, vai se foder e leva o Cabral com você."

Alguns "gritos de guerra" manifestavam apoio aos professores: "O professor é meu amigo, mexeu com ele, mexeu comigo".

Prevendo confrontos, dois manifestantes que esperavam o início da caminhada brincavam com a possível reação da polícia.

"Já estou vendo se tem uma vaga em uma clínica para desintoxicação, estou viciado em gás lacrimogêneo", afirmou um dos rapazes que diz ter ido a seis protestos, cinco deles com bombas.

Apesar de terem combinado se reunir na sede da Secretaria de Educação, na praça da República, os dois grupos se desencontraram.

Os 200 manifestantes que estavam no Theatro Municipal ficaram quase meia hora parados na frente da igreja da Consolação, esperando os 100 colegas que iniciaram o protesto na avenida Paulista. Mas o segundo grupo já havia chegado à secretaria.

"Pegaram outro caminho e não avisaram nada", reclamou um rapaz, com um megafone na mão, que era um dos guias do grupo.

Quando se encontraram, comemoraram. Os mascarados deram os braços, ficaram cara a cara com o cordão de isolamento de 50 policiais e começaram a gritar seguidas vezes: "Uh, uh, uh".

Os policiais ergueram os cassetetes e empunharam os escudos. Nada aconteceu.

Quando o barulho diminuiu e o protesto parecia no fim, foram lançados morteiros contra os soldados. A PM revidou com bombas de gás e houve correria.

O grupo se dividiu. Parte correu para a estação República do Metrô, onde uma bomba foi lançada. A maioria seguiu pela Ipiranga e de lá até a avenida Rio Branco.

Aos gritos de "vamos quebrar", destruíram ao menos oito agências bancárias, três lojas e duas lanchonetes (um McDonalds e um Habib's).

Os manifestantes fizeram barricadas com sacos de lixo, destruíram orelhões e bancas de jornais, picharam ônibus e viraram um carro policial.

"Tentaram até roubar meu colchão para tacar fogo na viatura [da polícia]. Não deixei, tive de dar uns sopapos em um vagabundo", reclamou um morador de rua que vive na Rio Branco.

O protesto acabou perto das 22h, após quase 40 min seguidos de correria pelo centro. Circulou a informação de que os mascarados tinham ido para a avenida Paulista, o que não ocorreu.

Ao todo, sete pessoas se feriram (quatro delas PMs) e oito acabaram detidas.

Colaboraram ANDRÉ MONTEIRO, TALITA BEDINELLI E ROGÉRIO PAGNAN, de São Paulo


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