Folha de S. Paulo


Grupo de estudantes arromba porta e invade a reitoria da Unicamp

Cerca de 200 estudantes invadiram na noite desta quinta-feira (3) a reitoria da Unicamp, em Campinas (a 93 km de São Paulo), por volta das 20h.

Eles entraram no prédio após arrombarem uma porta lateral. Vidros foram quebrados e alguns deles entraram pela janela, e uma lixeira foi usada para tentar arrombar as portas internas do prédio que levam à sala do reitor, mas elas são reforçadas e a tentativa foi em vão.

Os estudantes estão concentrados em um hall de entrada do prédio e têm acesso limitado a apenas algumas salas do térreo. Alguns guardas que faziam a proteção da reitoria chegaram a ficar isolados no andar de cima, mas depois saíram pacificamente.

Durante a ocupação, os estudantes picharam "Fora PM" e frases em apoio à invasão da reitoria da USP nas paredes. Eles usam camisetas nos rostos para não serem identificados pelas câmeras de segurança.

Dois carros da Polícia Militar chegaram a passar pelo local, mas saíram na sequência.

Policiais civis foram até a ocupação para analisarem detalhes para a elaboração de um boletim de ocorrência. O documento é necessário para o pedido de reintegração de posse, que deve ser feito amanhã.

A ocupação é uma reação à decisão da universidade de autorizar a entrada da PM (Polícia Militar) em seus quatro campi (Campinas, Limeira, Piracicaba e Paulínia), após a morte do estudante Denis Papa Casagrande, 21, do curso de engenharia de controle e automatação.

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Estudantes do campus de Limeira vieram para Campinas para participar da ocupação. Até o momento, a reitoria não se pronunciou sobre a ocupação.

Atualmente, a segurança da Unicamp é feita por uma empresa terceirizada, e cerca de 260 vigilantes fazem a proteção apenas no campus principal, em Campinas. Em 21 de setembro, quando Denis foi assassinado com uma facada durante uma festa dentro do campus, cinco vigilantes faziam a ronda na universidade.

Segundo a reitoria da Unicamp, a festa não tinha autorização para ser realizada. Cerca de 3.000 pessoas compareceram ao evento, e posteriormente a direção da universidade revelou que tinha conhecimento prévio do evento --mas não tomou medidas para coibi-lo.

ASSEMBLEIAS

A invasão da reitoria foi definida em assembleia que reuniu cerca de 600 pessoas no começo da noite de hoje. A reunião também aprovou, por unanimidade, a rejeição à proposta da atuação da PM na segurança da universidade e apoio à invasão da reitoria por estudantes da USP.

Em assembleia realizada dentro da reitoria, após a ocupação, os estudantes decidiram que não seriam feitas mais pichações nas paredes do prédio nem seria permitido o consumo de álcool e drogas no local. Foram formadas comissões para organizar a ocupação do prédio.

USP

Estudantes, em greve, da USP (Universidade de São Paulo) também invadiram a reitoria da universidade na capital paulista. Eles pedem que a eleição para reitor seja direta e o fim da lista tríplice enviada ao governador do Estado, que hoje escolhe um entre os três mais votados pelos colégios eleitorais --formados, principalmente, por professores titulares.

O Sintusp (sindicato dos funcionários) adiou para a próxima quinta-feira a decisão se vai aderir a paralisação. Em nota, a entidade manifestou "total apoio à ocupação da reitoria e à greve dos estudantes". Para Magno de Carvalho, diretor do sindicato, "há um clima de greve entre os funcionários".

Já a Adusp (sindicato dos professores), que também pede eleições diretas, não se manifestou sobre a ocupação. O grupo fará uma assembleia na semana que vem.


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