Folha de S. Paulo


Câmara aprova plano de carreira de professores municipais do Rio

Sob protestos que ainda tumultuam as ruas do centro do Rio, a Câmara Municipal aprovou na noite desta terça-feira o novo plano de cargos e salários para professores municipais. A categoria está em greve há mais um mês.

Se do lado de fora do prédio da Câmara o clima era tenso por conta do enfrentamento entre manifestantes e policiais, no plenário, a votação também foi marcada por uma sucessão de tumultos, apesar das galerias estarem esvaziadas. Por determinação da Casa, apenas seis pessoas puderam acompanhar a sessão, além da imprensa.

Protesto no Rio tem confronto e seis detidos; ruas são interditadas

O vereador Leonel Brizola Neto (PDT) chegou a subir na mesa do presidente da sessão, o vereador Jorge Felippe (PMDB), para tentar cancelar no grito a audiência, sem sucesso. A oposição cogita entrar na Justiça para pedir o cancelamento da sessão de hoje.

Na primeira discussão em plenário, o projeto encaminhado pela Prefeitura do Rio, com regras para o plano de carreira dos educadores, foi aprovado por 35 votos. Três vereadores foram contrários.

Seguindo o procedimento da casa, o projeto foi novamente à votação em uma segunda discussão, incluindo as emendas sugeridas pelos vereadores, sendo aprovado com 36 votos a favor, e três votos contrários.

A categoria é contra o projeto. Com isso, um grupo voltou a protestar diante da Câmara na tarde de hoje. Houve confronto e ao menos seis pessoas foram detidas. Há feridos, mas o número ainda não foi contabilizado oficialmente. O ato ainda bloqueava ruas e gerava grandes engarrafamentos por volta das 19h.

Em nota, a prefeitura afirmou que a aprovação do plano é "uma vitória para os servidores da Secretaria Municipal de Educação e um passo definitivo para consolidar o ensino público do Rio como o melhor do Brasil".

A prefeitura disse ainda que, desde o início da greve, reuniu-se com o Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação (Sepe-RJ) dez vezes e "cumpriu e vem cumprindo com todos os pontos acordados com a categoria".

CONFRONTO

Para afastar os manifestantes, os policiais lançaram dezenas de bombas de gás lacrimogêneo e de efeito moral nos manifestantes nos arredores da Cinelândia. Os confrontos então se alastraram pelas ruas da região.

As bombas lançadas pelos militares fizeram tremer os vidros do prédio da Câmara. Do lado de dentro, vereadores reagiram assustados e houve gritaria de funcionários. Nos corredores da Casa, o cheiro de gás de pimenta e gás lacrimogêneo era muito forte.

GREVE

Tanto a categoria dos professores municipais quanto a dos professores estaduais estão em greve desde agosto. Eles são contra o plano de cargos e salários proposto pelo prefeito Eduardo Paes (PMDB). Ontem, Paes realizou uma teleconferência para responder dúvidas dos professores.

Paes fez críticas ao sindicato do professores, Sepe (Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação), afirmando que continua aberto ao diálogo e que o plano é favorável à categoria, o que é contestado pelos professores.

Editoria de Arte/Folhapress

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