Folha de S. Paulo


Com elogios ao vice Pezão, Cabral inaugura a Cidade da Polícia no Rio

O governador Sérgio Cabral (PMDB) aproveitou a inauguração da Cidade da Polícia, no Jacarezinho (zona norte do Rio), para elogiar o vice-governador, Luiz Fernando Pezão, virtual candidato à sua sucessão.

O coordenador de projetos da Core, Wagner Franco, agradecia as várias autoridades presentes, quando foi interrompido por Cabral: "Agradeça também ao Pezão, que conseguiu a obra pelo governo".

Orçado em R$ 170 milhões, o complexo irá abrigar todas as delegacias especializadas da Polícia Civil, a Core (Coordenadoria de Recursos Especiais) e a Polinter (divisão de capturas), além de uma favela cenográfica e estandes de tiros para treinamento.

O terreno, de 67 mil metros quadrados, foi repassado ao Estado há três anos pela empresa Souza Cruz, que tinha uma fábrica no local.

"Inauguramos algo hoje fruto de um processo de pacificação, de uma parceria com a Alerj (Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro) que apoiou os pedidos de empréstimos", disse o governador. "Olhando isso aqui lembro de uma frase que me foi dita pelo ex-presidente da Espanha, Felipe González 'política é uma obra inacabada'. Esse é um legado", continuou.

O secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, realçou os investimentos cedidos para a pasta.

"O orçamento em 2007 era de R$ 2 bilhões e saltou para R$ 7 bilhões. Essa obra é uma consequência de quando se planejou no início do governo esse grande processo de pacificação que vem sendo reconhecido pela sociedade".

CIDADE DA POLÍCIA

A área onde foi construída a Cidade da Polícia estava inserida em um dos territórios mais violentos da cidade, antes do processo de pacificação.

Juntamente com Manguinhos, bairro vizinho, por ali passam vias de trânsito que fazem a ligação entre a zona norte e o centro, como a avenida Leopoldo Bulhões. A via chegou a ser conhecida como "Faixa de Gaza" por constantes tiroteios entre traficantes rivais e operações policiais.

Em outubro de 2012 teve início o processo de implantação de UPPs nas comunidades de Manguinhos e Jacarezinho, que estão no entorno do complexo.

O complexo irá abrigar uma espécie de prefeitura para cuidar da área administrativa. A mudança das unidades será gradativa, com previsão de completo funcionamento até novembro. A Delegacia de Roubos e Furtos de Automóveis (DRFA), parte da Core e o Esquadrão Antibomba já estão no local.

O estande de tiros foi projetado pela empresa Law Enforcement Targets, que construiu o utilizado por agentes do FBI. Na casa de tiros será possível o treino com armas letais e paredes que absorvem os disparos, e serão usados para reciclagem.

A favela cenográfica tem uma área específica para treinamento de ações em locais fechados e foi planejada com base na experiência de policiais civis.

Na Cidade da Polícia também ficará o setor de tecnologia da Polícia Civil que conta com um computador igual ao usado no filme "Homem de Ferro 3" e único modelo no Brasil. A previsão é de que cerca de 3 mil circulem diariamente pelo local.

RETRATAÇÃO

Beltrame aproveitou a ocasião para se desculpar com os policiais civis por conta de uma declaração dada ao jornal O Globo. Em reportagem publicada no domingo (17), ao anunciar as delegacias em UPPs, ele fez uma crítica aos policiais civis.

"Não vou fazer delegacia com a polícia que está aí. As novas unidades contarão com delegados e inspetores recém-formados, sem os vícios da guerra e da corrupção", afirmou.

A declaração abriu uma crise na Polícia Civil e fez com que alguns delegados quisessem entregar seus cargos. Outros solicitaram um pedido de retratação pública, que o secretário já tinha feito em nota na mesma semana.

"Quando falei isso, disse de maneira equivocada e deixo aqui esse registro, essa retratação. A polícia precisa da experiência dos policiais mais antigos".


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