Folha de S. Paulo


Memorial com fotos é criado em homenagem a estudante morto na Unicamp

Um memorial com fotos, velas e flores em homenagem a Denis Papa Casagrande, assassinado na madrugada de sábado (21) em uma festa na Unicamp, em Campinas (a 93 km de SP), foi feito no local onde o estudante de controle e automação foi morto.

Diversos vasos de flores, um retrato de Denis, duas fotos dele com amigos, um poema, fitas pretas e um pôster do Palmeiras campeão da Copa do Brasil de 2012 foram reunidos em um ponto ao lado do teatro de arena da universidade, próximo ao Ciclo Básico e à Biblioteca Central Cesar Lattes.

Estudantes que passam pelo memorial param para observar e prestar homenagem ao rapaz, esfaqueado por volta das 3h30 de sábado (21) durante a festa. Ele chegou a ser socorrido por uma ambulância, mas não resistiu.

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Segundo a Secretaria da Segurança Pública, o delegado titular do setor de homicídios de Campinas e responsável pela investigação do assassinato, Rui Pegolo, informou nesta quinta-feira (26) que o caso está sendo finalizado.

Apesar de Maria Teresa Alexandrino Pelegrino, 20, ter, segundo a polícia, confessado o crime na noite de segunda (23) sob a alegação de legítima defesa, Pegolo informou que por ora não vai pedir a prisão da jovem porque checará todas as versões sobre o caso. A motivação do crime também está sendo investigada.

A reportagem não conseguiu contato com a defesa de Mamede e de Pelegrino.

Nesta quinta-feira (26) estava previsto o depoimento de mais cinco pessoas. Os laudos da perícia e do IML ainda não ficaram prontos, segundo a SSP, e reconstituições e acareações não estão descartadas.

A Polícia Civil segue analisando também as imagens das câmeras de segurança da universidade, que por enquanto não serão divulgadas. A faca encontrada enterrada ao lado de um ponto de ônibus próximo ao campus ainda não foi encaminhada para a perícia porque continua sendo utilizada como objeto de reconhecimento pelas testemunhas ouvidas na delegacia.

"O delegado me disse que a Maria Teresa assumiu a culpa", disse na terça-feira (26) à Folha o pai de Denis, Celso Casagrande. "Mas não foi só ela. Há mais responsáveis. O assassino é quem desferiu a facada, mas houve a participação de outras pessoas. E não foi só um ou dois, foram vários. Era uma gangue".

Segundo um amigo que morava com o estudante de engenharia, um grupo de jovens o atacou. "Bateram até com um skate", disse o rapaz, que pediu para não ser identificado. Posteriormente, Mamede confirmou ter agredido Denis com um skate.

AUTORIZAÇÃO

Estudantes do DCE (Diretório Central dos Estudantes) da universidade, órgão que organizou um ato em homenagem a Denis na manhã de terça, afirmam que as festas ocorrem todas as semanas no campus e a administração faz "vista grossa". "Não dá para a reitoria lavar as mãos e fingir que as festas não acontecem", disse Bruno Modesto, estudante de ciências sociais e um dos coordenadores do DCE.

A Folha questionou a entidade sobre a realização de festas sem autorização no campus, mas não obteve resposta. Uma coletiva de imprensa foi convocada pela Unicamp para amanhã.

"Não tem mais o que fazer para trazer o Denis de volta, mas eles têm de tomar mais cuidado com esse tipo de festa", disse o pai de Denis. "Os jovens têm o direito de se divertir. O certo seria ter a festa, mas com uma seriedade maior das autoridades. Não é a proibição que vai resolver."


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