Folha de S. Paulo


Eficácia da proibição de venda de armas de brinquedo é controversa

A lei que proíbe a venda e fabricação de armas de brinquedo em Brasília, publicada ontem no "Diário Oficial", reforça medida federal, mas ainda tem eficácia questionada por especialista.

Em vigor desde 2003, o Estatuto do Desarmamento veta a fabricação e comercialização de brinquedos que possam ser confundidos com armas de fogo.

Arma de brinquedo é vetada em lojas do Distrito Federal

"A proibição já existe, mas não havia nenhuma punição para aqueles que a desrespeitassem. A nova lei é mais eficiente ao prever multa para quem vender os brinquedos", afirma o coordenador do instituto Sou da Paz Bruno Langeani.

A lei do Distrito Federal também estipula a realização de palestras de conscientização do desarmamento infantil.

"Ao participar dessas atividades, a criança passará a ser um vetor da discussão, podendo estimular os pais a entregarem suas armas de verdade", afirma Langeani.

EFICÁCIA

Marilda Pierro de Oliveira Ribeiro, professora da PUC-SP e especialista em desenvolvimento cognitivo de crianças, aprova a restrição aos brinquedos idênticos a armas de verdade.

"As reproduções são ruins, porque as crianças se acostumam a brincar com isso. Elas podem se confundir ao ver uma arma de verdade e achar que é brinquedo", explica.

Entretanto, ela critica a proibição generalizada e questiona a eficácia da medida. "No plano de 'faz de conta', qualquer objeto pode ser usado como arma. Isso sempre existiu. Não há muito sentido em proibir o brinquedo que tenha cara de brinquedo."

"A violência é uma questão ampla. Deveríamos nos preocupar mais com fatores maiores, como a violência contra crianças", completa Marilda.


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