Folha de S. Paulo


Minipraças feitas em vagas de carro são aprovadas por usuários

Uma pesquisa realizada com usuários dos primeiros "parklets" de São Paulo --espaços semelhantes a praças criados sobre vagas de carros-- sugere que as novas gerações estão mudando a forma de encarar o automóvel.

Duas dessas minipraças foram instaladas no Itaim Bibi e em Higienópolis entre os dias 15 e 18 de agosto. Cerca de mil pessoas passaram pelos espaços, e todas responderam a um questionário.

Na faixa dos 26 aos 30 anos, 90% dos entrevistas disseram ser donos de carro. Mais da metade (52%) deles, porém, disseram usar o carro apenas de uma a duas vezes por semana.

Na faixa acima de 60 anos, 85% dos entrevistados donos de carro disseram usá-lo todos os dias.

"A pesquisa não aponta queda no interesse pelo automóvel, apenas que os mais jovens tem uma percepção mais racional em relação ao uso do carro", afirma Lincoln Paiva, presidente do Instituto Mobilidade Verde, que coordenou a pesquisa.

Apu Gomes-15.ago.13/Folhapress
Parklet' instalado na rua Amauri, no Itaim Bibi
Zona Verde instalada em agosto na rua Amauri, no Itaim Bibi; usuários aprovaram retirar vagas de carros para criar mais espaços

Inspirados em iniciativas surgidas em São Francisco (EUA), por aqui os "parklets" foram chamados de Zona Verde, pois ficaram sobre duas vagas de Zona Azul.

O objetivo do projeto foi estimular a reflexão sobre o uso do espaço urbano por carros e pessoas.

Questionados sobre a ideia de suprimir duas vagas de estacionamentos para a criação das minipraças, de forma definitiva, os entrevistados aprovaram.

Entre os donos de carro, 99% classificaram o projeto como "excelentente" ou "bom" e apenas 1%, "ruim". Entre os sem automóvel, a aprovação foi total.

Segundo Paiva, a ideia do projeto não é ser contra estacionamentos para carros, mas propor que esses espaços nas vias tenham outro uso que não apenas para o automóvel.

Ele afirma que, nos três dias de funcionamento, o impacto das Zonas Verdes no trânsito foi quase nulo, e que forneceram locais para mais de 50 pessoas sentarem ao mesmo tempo.

"Com 37 mil vagas de Zonas Azul e uma frota de 7 milhões de veículos, transformar 50% delas não faria nenhuma diferença para o motorista. O contrário também é verdadeiro, ou seja, se tivéssemos o dobro de vagas, ainda assim não resolveria o problema da falta de estacionamento", afirma.

A pesquisa também colheu sugestões de endereços para receberem novos "parklets". Entre os locais mais votados estão as avenidas Paulista, Faria Lima e 23 de Maio.

A pesquisa será usada na segunda etapa do projeto, em outubro, com zonas verdes espalhadas por 20 pontos da cidade, inclusive em locais mais afastados do centro. Eles também terão duração maior, por um mês, como parte da Bienal de Arquitetura.

Segundo Paiva, o objetivo final é que a prefeitura adote a ideia e torne uma política pública a criação de espaços permanentes. (ANDRÉ MONTEIRO)


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