Folha de S. Paulo


Em MG, rachadura em posto de saúde assusta moradores e funcionários

Quando o médico cubano chegar na semana que vem a Campo de Santana, o único distrito de Prudente de Morais (a 63 km de Belo Horizonte), ele terá uma singela recepção preparada pelos funcionários da equipe de saúde da família, com direito a salgadinho e refrigerante.

Mas nem tudo será festa. O profissional cubano também encontrará um posto de saúde deteriorado, com partes das paredes e do teto sem reboco e com trincas que assustam os moradores e os próprios funcionários. A casa da prefeitura usada como posto de saúde há mais de 20 anos precisa de reparos. "Aquilo lá está rachado de fora a fora", diz a moradora Sônia Maria de Lima, 42, dona da pequena padaria do distrito.

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A auxiliar de enfermagem Nélia Fátima de Souza, 47, há duas décadas no local, diz que tenta acreditar na palavra do engenheiro da prefeitura que esteve lá e afastou o risco de desabamento.

Mesmo com tanto por fazer, a auxiliar de enfermagem faz o que pode para manter o lugar organizado e limpo, além de prestar o atendimento ambulatorial diário, como medir pressão, fornecer remédio e fazer curativos.

Médico clínico, até agora, apenas duas vezes por semana, rotina que mudará com a chegada do cubano.

O posto do distrito, onde vivem cerca de 900 pessoas, está ainda longe de se adequar às especificações da política de atenção básica do governo. E a prefeitura tem ciência disso.

"É uma precariedade danada em relação às novas unidades. A gente reconhece essa precariedade", disse o secretário local de Saúde, Deivisson Melo.

Segundo ele, já existe um projeto pronto para a construção de um novo posto no distrito e em negociação com o governo do Estado. Mas como ainda deve demorar, ele disse que o posto atual passará por uma reforma para melhorar as condições de uso e segurança.

Paulo Peixoto/Folhapress
Posto de saúde na cidade de Prudente de Morais (MG), que receberá médico cubano em setembro
Posto de saúde na cidade de Prudente de Morais (MG), que receberá médico cubano em setembro

O posto atual dispõe de três salas para atendimento e guarda de medicamentos, além do consultório do médico, recepção com arquivo, local para dispensa de medicamentos e uma cozinha.

Os equipamentos são os necessários para o atendimento clínico básico. Tudo é simples e limpo, inclusive os banheiros, embora precisem de acessórios, como suporte para papel higiênico, tampa de vaso sanitário e toalhas descartáveis.

Na sala onde são guardados os medicamentos fica uma cadeira velha de dentista, sinal de que no passado o posto de saúde já foi bem mas prestativo para a comunidade.

CASA DO MÉDICO

A prefeitura alugou uma casa na sede da cidade para o médico cubano. A residência fica no bairro Jardim Padre Pedro, perto da sede da prefeitura, a cerca de três quilômetros do distrito onde o médico irá trabalhar.

É uma casa com quintal, com muro alto. Há muitas árvores no terreno, entre elas uma mangueira carregada de frutos.

Além da residência, a prefeitura vai disponibilizar carro para levar e buscar o médico no distrito. Os ônibus que servem à comunidade do Campo de Santana passam por lá a caminho da cidade de Sete Lagoas, distante 12 quilômetros da sede de Prudente de Morais.

São apenas oito ônibus por dia, o que deixa a moradora Vânia Aparecida, 52, indignada. "Se precisar de médico à noite, tem que conseguir um carro ou morre", disse. "A gente fica enrolando com a dor até o dia seguinte", disse Marilene de Paula, 43, também moradora do distrito.

O Ministério da Saúde diz que o município de Prudente de Morais está inscrito no Requalifica, programa que prevê investimentos para a melhoria da estrutura dos postos de saúde. Segundo a pasta, a reforma da unidade onde irá atuar o médico cubano está prevista em cerca de R$ 350 mil. A prefeitura deve iniciar a obra até dezembro deste ano.


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