Folha de S. Paulo


Análise: Respeitado, Champignon tinha status de coadjuvante de luxo

Champignon foi reconhecido como um dos bons instrumentistas do rock brasileiro surgido na década de 1990. Talvez não tivesse mesmo uma grande concorrência, mas certamente seus sons graves eram parte substancial no Charlie Brown Jr.

Ganhou prêmios de melhor baixista no Multishow e no VMB, da MTV. Por duas vezes, a emissora dos clipes formou em sua festa a mesma "banda dos sonhos": Pitty nos vocais, Edgar Scandurra na guitarra, Japinha (CPM22) na bateria e Champignon no baixo.

Fãs de Champignon prestam última homenagem em velório em Santos (SP)
Champignon estava com depressão por críticas à nova banda, diz delegada
Champignon tinha duas armas e testou pistola antes de atirar :

Claro que o Charlie Brown Jr. virou a banda do Chorão. Difícil fugir disso quando o cantor é maluco feito uma força da natureza. Mas Champignon ganhou rápido um certo status de coadjuvante de luxo.

Em algum lugar na cabeça deles, era natural e juvenil que se sentissem como uma espécie de Mick Jagger & Keith Richards de bermuda e skate na mão. Como na dupla dos Rolling Stones, as brigas existiram e foram abafadas até 2005, quando Champignon deixou o Charlie Brown Jr. para criar o Revolucionnarios.

Seu único disco é bom, um pouco mais da fórmula do CBJ, mas menos festivo e um tanto cabeça. O Revolucionnarios não fez o sucesso devido porque a geração de 1990 vivia um momento difícil. A moda roqueira em rádios e lojas era a segunda e colorida geração emo, de Restart e similares.

As incertezas devem ter batido forte, a ponto de Champignon embarcar numa roubada, a Nove Mil Anjos. Montada como mais uma tentativa de nova etapa na carreira de Junior após a separação da irmã Sandy, a banda só teve a ganhar com um roqueiro conhecido e, principalmente, respeitado como Champignon.

A ideia era mostrar Junior como um "músico de verdade", não o filho agora crescido de um ídolo sertanejo. Disco pavoroso, shows ruins e tensão interna mataram logo esse monte de anjos. O fracasso abriu caminho para uma volta à parceria com Chorão.

A morte do vocalista impediu que a segunda vida do grupo pudesse ser analisada. E agora também ficou impossível saber como seguiria A Banca, banda que Champignon montou para seguir com o legado de Chorão.

Uma morte deveria dar aura "cult" ao CBJ, mas duas podem impactar tanto os fãs que fica difícil saber como isso afetará essa adoração.


Endereço da página:

Links no texto: