Folha de S. Paulo


Especialistas dizem que programa Mais Médicos é solução temporária

Uma solução paliativa e temporária para problemas crônicos e estruturais. Foi assim que especialistas reunidos hoje no IEA (Instituto de Estudos Avançados) definiram o Programa Mais Médicos, do governo federal.

"Não vivemos uma emergência. Vivemos um problema crônico. Essa discussão mascara a verdade, que é 'como implantar um sistema de saúde no Brasil", afirmou Milton Arruda Martins, professor titular de clínica médica da USP (Universidade de São Paulo).

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Segundo Martins, a saúde no Brasil envolve múltiplas facetas, de falta de recursos às iniquidades regionais, e não deve ser vista mais de forma fragmentada pelo governo e pela sociedade.

"O caráter compulsório e temporário do programa irá esgotar rapidamente essa estratégia", disse Mário César Scheffer, professor do Departamento de Medicina Preventiva da USP e integrante do do Centro Brasileiro de Estudos da Saúde.

O biólogo Fernando Reinach, ex-professor da USP, acrescentou: "Os médicos foram contratados para ficar três anos. E depois?"

"As bolsas foram criadas para educar as pessoas, não para efetuar pagamentos de serviços profissionais."

O cardiologista Adib Jatene, ex-ministro da Saúde, pontuou que há décadas acompanha o problema da saúde e está convencido de que a questão é eminentemente financeira. "Não podemos politizar o problema." Jatene defendeu a reforma do ensino médico como "prioridade absoluta".

Paulo Hilário Saldiva, professor do Departamento de Patologia da USP, lembrou que há um distanciamento entre as decisões do governo e às reais necessidades da população brasileira.

"O pessoal que vive no andar de cima, que usa o Sírio-Libanês, não vive a realidade da maioria dos brasileiros."


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