Folha de S. Paulo


'Podemos trazer médico até da China', diz ministro Padilha

O ministro Alexandre Padilha (Saúde) voltou a defender que desistências e exclusões de profissionais no programa Mais Médicos reforçam o diagnóstico do governo de que há falta de médicos no país e, assim, é necessário trazer profissionais do exterior.

"Apenas a oferta de médicos brasileiros será insuficiente para darmos o salto que precisamos para atender milhões de brasileiros que não têm médicos", afirmou o ministro nesta quarta-feira (4), ao final de uma comissão geral na Câmara, chamada para debater o programa.

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O ministro afirmou que o governo vai verificar as situações em que médicos desistiram do programa por encontrarem, nos centros de saúde, condições precárias de atendimento.

"Vamos acompanhar de perto aquelas situações onde a estrutura não esteja adequada, chamar o município, ver essa situação. Os recursos estão disponíveis [para reformas e construções]."

Padilha defendeu a qualidade dos profissionais cubanos, e disse que o governo trará médicos de qualquer país. "Sejam médicos com qualidade e que estejam de coração aberto para atender o provo brasileiro, interessa ao Ministério da Saúde. Nós vamos buscar médicos em qualquer lugar do mundo."

Questionado sobre se o governo traria profissionais até da China, Padilha respondeu que "se comunicando em português, vai trazer da China".

O ministro defendeu que o conhecimento prévio em língua portuguesa é marginal. "Eu trabalhei com várias etnias indígenas, quando supervisionava o núcleo da USP no Pará. Até hoje não sei falar uma língua indígena; isso não me impediu de salvas vidas", argumentou.

Durante o debate com os deputados, Padilha assumiu um tom bastante político, falou sobre sua experiência pessoal --uma foto sua foi projetada no telão do plenário no início de sua apresentação-- e rebateu críticas da oposição.

Em sua fala final, o ministro disse que o governo não fará perseguições, apesar de se ver perseguido por vezes. "Não vai existir do Ministério da Saúde nenhum tipo de perseguição, que não é a nossa prática, mesmo eu sendo perseguido em alguns momentos (...) Foi aberto um processo querendo cassar o meu registro do CRM e só foi aberto depois que começou esse debate", disse.


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