Folha de S. Paulo


Manifestantes foram retirados à força de plenário da Câmara de SP, dizem ativistas

Manifestantes que protestavam contra a votação da homenagem na Câmara de São Paulo à Rota (tropa de elite da PM paulista) dizem que foram retirados à força do plenário e que policiais militares foram truculentos.

A Folha registrou o momento em que policiais militares e manifestantes se empurraram num dos acessos acesso ao plenário. A determinação para que PMs retirassem pelo cinco pessoas do plenário partiu do presidente do Legislativo, José Américo (PT), porque eles interromperam as declarações dos vereadores na tribuna.

"Um dos PMs foi truculento. Empurrou e chutou um rapaz no chão", disse Priscila Costa. A Polícia Militar nega e diz que agiu dentro da lei. O empurra-empurra ocorreu depois que um jovem reclamou da maneira como um policial retirou sua namorada do plenário. Ele teria xingado o PM, que o retirou do local também.

Segundo a assessoria da presidência, o regimento interno da Casa diz que são vedadas manifestações de pessoas durante pronunciamentos de parlamentares. O regulamento diz também que o presidente pode pedir que policiais retirem do plenários os que desrespeitam a norma.

POLÊMICA

No último dia 21, o vereador Toninho Vespoli, do PSOL, foi hostilizado pelos colegas por exigir que a votação do projeto --criado pelo Coronel Telhada (PSDB)-- fosse nominal. Ele queria que cada um dissesse ser a favor ou contra. Após isso, Telhada não conseguiu os 37 votos necessários, já que 11 vereadores petistas se posicionaram contra. Ontem, Telhada conseguiu os votos que precisava.

Antes da votação do projeto, Vespoli leu uma carta de repúdio à homenagem.

"Essa instituição policial está envolvida em diversas denúncias de violação dos direitos humanos, incluindo tortura, execuções sumárias, sequestro e ocultação de cadáveres", disse Vespoli.

Durante as discussões desta tarde, manifestantes foram retirados da plateia por ordem do presidente José Américo (PT). Sob vaias, Telhada acenou para os manifestantes e riu. "Isso (manifestações) mostra quem eles são", disse Telhada. "Me chamar de assassino e fascista é atitude de nazista de vocês", disse na tribuna.

Orlando Silva (PC do B) foi ao microfone para dizer que a Rota foi criada com apoio do regime militar. "Tenho orgulho de ter estado ao lado de Lamarca e Mariguela (guerrilheiros mortos)", disse Silva.

"A Rota prende o bandido e apreende o dinheiro. É a mais honesta e não se envolve em política", defendeu o vereador Conte Lopes (PTB), que fez parte da Rota.

CARTAZES PROIBIDOS

Um dia antes da votação, dois jovens foram impedidos de fazer um protesto dentro da Câmara. Ao tentar colar cartazes na entrada de gabinetes, incluindo o de Telhada, foram abordados por dois PMs fardados que fazem parte da assessoria militar da Casa.

"Estávamos colando os cartazes quando fomos interpelados pelos dois PMs, que acreditamos que o coronel Telhada tenha acionado", disse Miguel Angelo Sena da Silva, 25, estudante de Saúde Pública da USP.

Um dos cartazes tinha uma ilustração de uma caveira com a farda da Rota. "Este vereador vota a favor da homenagem aos assassinos da população jovem, preta e pobre".

Os policiais levaram o casal de manifestantes para uma sala, onde pediram os documentos dos dois e fizeram perguntas. "Queriam saber onde a gente morava, o que fazia, nossa formação", disse Silva.

Após as perguntas, os documentos e os cartazes foram devolvidos e o casal liberado. Mas os cartazes permaneceram proibidos. Segundo a presidência da Casa, uma norma interna proíbe colagens de cartazes. "As pessoas concordaram em retirar o material que havia sido colado", informou em nota.

Gilberto Bergamim Junior/Folhapress
Lista de vereadores de São Paulo que aprovaram homenagem à Rota
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