Folha de S. Paulo


Rapper grava clipe evangélico durante protestos na Paulista, em SP

Enquanto sindicalistas bradavam reivindicações no vão-livre do Masp (Museu de Artes de São Paulo) na tarde desta sexta-feira o cantor de rap gospel Daan MC, 16, gravava cenas para um videoclipe na mesma altura da avenida Paulista, na calçada em frente ao parque Trianon.

O barulho não atrapalhou porque o som só seria incluído no vídeo na fase de edição. Junto com Daan, um grupo de dançarinos fazia coreografias que simulavam uma caminhada. O clipe será usado para chamar os fiéis para um conferência da igreja Videira.

"Ele tem um dom para rimar", elogia Renata Muniz, 21, empresária do músico, que grava seu primeiro vídeo e mora em Baeta Neves, na cidade de São Bernardo do Campo (na Grande São Paulo). As letras abordam temas como a importância de se manter casto antes do casamento.

"Meu propósito é divulgar a palavra de Deus", diz Daan, cujo nome real é Robson Aidan. Ele conta que se converteu há cerca de um ano. Pouco antes disso, aceitou levar drogas de um amigo em sua mochila.

Sua mãe descobriu e ameaçou chamar a policia. Para não ter de passar o fim de semana ouvindo reclamações, aceitou o convite de um amigo e viajou para um retiro da igreja.

"No começo, não levava a sério o que os pastores diziam. Até que, na última pregação do dia, a palavra de Deus me tocou e mudou minha vida", relata o jovem, que cursa o ensino médio e anda de skate nas horas livres.

A gravação terminou por volta das 16h, pouco antes da Paulista ser fechada para o tráfego. Em seguida, a equipe pretende registrar imagens em uma comunidade do ABC, em Salto de Pirapora (interior de São Paulo) e na ponte Estaiada.

Rafael Balago/Folhapress
Cantor de rap gospel Daan MC, 16, grava cenas para videoclipe durante protesto na avenida Paulista, no centro de São Paulo
Cantor de rap gospel Daan MC, 16, grava cenas para videoclipe durante protesto na avenida Paulista, no centro de São Paulo

PROTESTO

Duas manifestações reuniram em torno de 1.500 pessoas, segundo estimativa da PM, e fecharam vias da região da avenida Paulista, no centro de São Paulo, no final da tarde desta sexta-feira. O ato foi pacífico e terminou por volta das 18h.

Um dos protestos reuniu professores estaduais na praça da República no início da tarde. O grupo seguiu em passeata pelas ruas da Consolação e Fernando de Albuquerque até chegar na avenida Paulista, onde se reuniram com uma outra manifestação, de centrais sindicais.

Já as centrais sindicais, que se reuniam no Masp, protestaram contra projeto de Lei nº 4330/04, que trata da terceirização; pelo fim do fator previdenciário; 40 horas semanais sem redução de salário, 10% do PIB para a educação; 10% do orçamento da União para a saúde; transporte público e de qualidade; entre outros.

"Se não fizermos atos para cobrar, não vamos ver as exigências cumpridas", diz o secretário geral da CUT, Sérgio Nobre. O ato previa uma passeata após o encontro do grupo com os professores, mas essa segunda categoria acabou atrasando, o que fez os organizadores optarem por manter o ato na Paulista.


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