Folha de S. Paulo


Dilma usa evento de educação para defender programa Mais Médicos

A presidente Dilma Rousseff usou uma formatura de alunos do Pronatec (Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego) em Campinas (a 93 km de São Paulo) nesta quinta-feira (29) para defender o Mais Médicos, programa que vem motivando controvérsia pela contratação de profissionais estrangeiros.

Dilma usou um terço de seu discurso --cerca de nove minutos-- para falar do programa que vai dar uma bolsa de R$ 10 mil por mês aos médicos que aceitarem trabalhar por três anos em cidades e regiões determinadas pelo Planalto.

Governo transfere médicos estrangeiros de alojamento
Vamos para onde os brasileiros não vão, diz cubano vaiado

Entidades médicas criticam a decisão do governo de conceder registro temporário a médicos estrangeiros e brasileiros formados no exterior que não tenham validado seus diplomas no Brasil.

"Eu quero aproveitar a atenção de vocês para falar que estamos tratando a área da educação como prioritária. Tem uma outra área que também estamos tratando como prioritária: essa área é a dos médicos, essa área é a da saúde", disse a presidente.

"Escutamos [da população] que a saúde tem um problema: o atendimento", disse. "Nós temos de ampliar o atendimento [médico] no país na atenção básica. Nós temos de melhorar também a qualidade dos atendimentos nos hospitais, mas nós vamos primeiro tratar do grosso: levar médico onde não tem e garantir que o médico atenda e trabalhe oito horas por dia", afirmou.

Dilma voltou a citar que cerca de 700 municípios no Brasil não têm médicos e aproximadamente 2.300 têm apenas um médico para cada 3.000 habitantes. "Um país tem de ter educação e saúde", disse a presidente. "Vamos assegurar àquelas pessoas que não tenham recursos suficientes o acesso a um médico."

MAIS MÉDICOS

O Brasil tem recebido médicos estrangeiros em várias capitais desde a semana passada. Alguns são provenientes do programa Mais Médicos e outros com base num acordo firmado com o governo cubano, uma vez que algumas cidades não tiveram inscritos pelo programa federal.

Médicos brasileiros têm protestado contra as duas iniciativas alegando que eles deveriam passar pelo exame Revalida, usado por pessoas que se formam em medicina no exterior para validar o diploma.

A importação de 4.000 médicos cubanos também é questionada pelo Ministério Público do Trabalho por questões trabalhistas e também por conselhos regionais de medicina.

Os profissionais cubanos não vão receber diretamente do governo brasileiro. O salário será repassado ao governo de Cuba, que distribuirá uma quantia aos médicos.


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