Folha de S. Paulo


Haddad diz que vai rever Código de Obras; bombeiros acham 9ª vítima na zona leste

Após tragédia na zona leste de São Paulo, o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), disse hoje que a cidade precisa de um novo Código de Obras. Segundo o chefe do executivo, as conversas sobre a proposta já estão avançadas dentro da prefeitura.

Houve omissão da prefeitura de SP, diz promotor
Empresa nega ter detectado problemas em obra

Haddad disse que o novo código, que regulamenta as construções e as reformas na cidade, só deverá ficar pronto após a aprovação do novo Plano Diretor da capital, que será encaminhado para votação na câmara em setembro. "São Paulo precisa de novos mecanismos de fiscalização. Se nas discussões da revisão do Código de Obras nós pudermos incluir novos instrumentos [de fiscalização], nós faremos isso para aperfeiçoar o trabalho das subprefeituras", disse.

A obra que desabou na zona leste e matou nove pessoas não tinha alvará necessário para construção. De março para cá, o empreendimento já tinha sido multado duas vezes e posteriormente embargada. Porém, o serviço não foi interrompido nem a polícia avisada obrigar a construtora a parar as obras.

Pelo código atual, o fiscal deveria acionar a polícia caso percebesse o descumprimento do embargo, mas isso não ocorreu. Haddad, não explicou o que mudaria no código, só fez referencias a um aprimoramento da fiscalização.

Cumprindo agenda na zona sul de São Paulo, o prefeito estava acompanhado do secretário Chico Macena (Coordenação das Subprefeituras) que afirmou ser "humanamente impossível fiscalizar todas as obras da cidade".

De acordo com Macena, São Paulo tem um deficit histórico na fiscalização. "O caminho é responsabilizar cada vez mais o proprietário e os responsáveis pela obra. Eles precisam ser os 'fiscais' da obra", disse o secretário.

VÍTIMA

As equipes que realizam as buscas por sobreviventes nos escombros do prédio que desabou na zona leste de São Paulo encontraram na manhã desta quinta-feira um dos dois corpos que estavam desaparecidos. O operário Claudemir Viana foi encontrado e retirado por volta das 7h15.

Com este corpo, sobe para nove o número de mortos no desabamento, que aconteceu na manhã de terça-feira (27), na avenida Mateo Bei, na região do bairro São Mateus.

Conhecido por Estrelinha, o pedreiro Viana era casado e tinha um filho, segundo colegas. Ele era natural de Barra da Corda (MA).

Os bombeiros continuam as buscas por Antônio Wellington.

Para facilitar as buscas, os bombeiros dividiram a área em quatro. Em uma dessas partes, onde eles acreditam não haver vítimas, o entulho começou a ser removido por duas retro escavadeiras.

Ainda não há informações sobre as causas da tragédia. Ontem, em entrevista à Folha, o pintor Gleisson Feitosa, disse que a estrutura da obra "estava fraca". De acordo com o funcionário, que estava no momento da acidente, o fato já havia sido avisado aos responsáveis pela obra que "pediam para continuar".


Endereço da página:

Links no texto: