Folha de S. Paulo


'Tudo estava errado' em obra que desabou em SP, afirma Haddad

O prefeito Fernando Haddad (PT) disse que "tudo estava errado" na obra que desabou matando 7 pessoas na manhã desta terça-feira. A começar pela documentação da obra, que estava irregular. Além dos mortos, 26 pessoas ficaram feridas e há desaparecidos.

"A prefeitura avalia aspectos formais da obra, se a obra está de acordo com a legislação da cidade. Nem isso foi observado [pela empresa que construiu] nesse caso específico", afirmou Haddad. A administração aplicou duas multas ao dono da obra de abril para cá ao identificar que não havia alvará para a obra.

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"Mesmo se a obra fosse regular, isso não iria eximir o engenheiro responsável pela segurança física da obra. Nesse caso, além dos aspectos técnicos que não foram observados, também houve falhas do ponto de vista formal e jurídico ", disse Haddad.

Segundo ele, não é função dos fiscais da prefeitura avaliar se a obra é segura, mas sim confirmar se a construção está dentro das leis de uso e ocupação do solo. Garantir a segurança da obra, é responsabilidade do engenheiro. "Cabe à policia apurar a parte criminal e eventualmente indiciar os responsáveis pela morte", afirmou.

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DESABAMENTO

O imóvel tinha dois pavimentos e ficava na avenida Mateo Bei, altura da rua Margarida Cardoso dos Santos. No local estava em construção uma loja de roupas. Antes, o endereço abrigava um posto de gasolina. Ao todo, cerca de 35 pessoas estavam no prédio.

"O teto desabou e foi levando tudo. Corri para um quarto, duas paredes caíram, mas o teto ficou. Só bati um pouco o braço, nada grave. Quem me salvou foi Deus", afirmou o eletricista Bento Lopes, 37, que conseguiu tirar cinco pessoas dos escombros. Para sair, ele disse ter arrastado o corpo por entre os escombros e encontrado espaço ao lado de caixas de piso, que seguraram as lajes e criaram espaço para sua fuga.

Durante a tarde, ele foi levado pela PM ao 49º DP (São Mateus) para prestar depoimento. Lopes disse que seu celular ficou no desabamento e só sossegou quando conseguiu avisar a mulher e a filha, de 15 anos, que estava tudo bem quando usou o telefone de um amigo.

RESPONSÁVEIS

O advogado Edilson Carlos dos Santos, que representa o dono do prédio, Mustafa Abdallah Mustafa, afirmou que modificações feitas por uma empresa de engenharia depois que o galpão já havia sido entregue à rede de lojas Torra Torra podem ter causado o acidente.

Segundo Santos, a obra foi entregue em julho para a Torra Torra, que alugou o imóvel para fazer uma nova unidade. Ele diz que funcionários da empresa Salvatta Engenharia teriam feito escavações no terreno. A empresa, sempre segundo o advogado, estava fazendo alterações para a instalação de elevadores e escadas.

Já a Salvatta Engenharia disse em nota ter sido vítima "da irresponsabilidade dos proprietários" do imóvel. A nota também é assinada pelo Magazine Torra Torra, que contratou a empresa.

De acordo com o texto do Torra Torra e da Salvatta, a responsabilidade pela construção foi do dono do prédio. "As chaves do imóvel ainda não foram entregues pelo proprietário, porque as obras a que se obrigou não foram concluídas. Também não houve a entrega do Alvará de Construção e nem do Projeto Executivo", diz trecho da nota.

Editoria de Arte/Folhapress

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